Eis três exemplos de hinos homéricos menores
(os dois primeiros estão completos). O hino a Asclépio é posterior à primeira metade do século -V e o hino a Pã, do século -V. O hino a Hera é de data desconhecida.
Note-se que o hino a Asclépio têm as três partes constituintes tradicionais: inuocatio (1), pars epica (1-4) e precatio (5-6). O hino a Hera é defectivo, não tem precatio; do hino a Pã, apenas a inuocatio (1) e os
primeiros versos da pars epica são apresentados. Nos dois primeiros hinos, a divindade é invocada diretamente; no terceiro, a invocação se dá através de uma divindade intermediária, uma das nove musas.
A Asclépio
Vou começar a cantar Asclépio, o curador das doenças,
o filho de Apolo que na planície dotiana[1]
nasceu de Coronis, filha do rei Flégias;
grande alegria para os homens, ele ameniza cruéis aflições.
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A ti assim também eu saúdo, meu Senhor, e através desta canção faço minha prece a ti.
h. Hom. 16
A Hera
Eu canto Hera do trono dourado, a quem Reia criou,
rainha dos imortais, a de maior beleza,
irmã e esposa do retumbante Zeus,
a gloriosa, que todos os bem-aventurados do alto Olimpo
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veneram e estimam como a Zeus, o que se compraz com o raio.
h. Hom. 12
A Pã
Fala-me, Musa, do querido filho de Hermes,
de pés de bode, dois chifres, amante do ruído[2] e que, pelos campos
cheio de árvores, anda para lá e para cá com as ninfas habituadas a dançar,
que pisam o alto da rocha escarpada
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invocando Pã, o deus pastor de cabeleira brilhante
e descuidada, a quem foram destinados os picos cobertos de neve,
o cume das montanhas e os caminhos pedregosos.
h. Pan. 1-7