Hinos homéricos “menores”

h. Bacch. (= h. Hom. 7 e h. Hom. 1, a Dioniso; h. Pan. (= h. Hom. 19), a Pã; h. Hom. 31, a Hélio; h. Hom. 32, a Selene; h. Hom. 15, a Héracles; h. Hom. 30, a Gaiadatas variadas

Os hinos homéricos de menor extensão contêm, em geral, apenas a primeira e a última parte.

A parte épica intermediária é reduzida e menciona apenas os epítetos tradicionais da divindade homenageada e, em certos hinos com algumas dezenas de versos, relatos sucintos de algum episódio mítico (e.g. o hino a Pã, o hino a Dioniso 7, o hino a Hélio).

Muitos desses hinos são extratos ou resumos dos hinos mais longos, ou foram nitidamente inspirados por eles (e.g. o hino a Deméter 13, o hino a Ártemis 27, o hino a Gaia).

Alguns hinos

miniatura Dioniso e os piratas

O hino a Dioniso 7 (Εἲς Διώνυσον, 59 versos) relata a captura do jovem Dioniso pelos piratas. O hino a Pã (Εἲς Πᾶνα, 49 versos) conta o nascimento do deus e sua apresentação aos deuses olímpicos e tem, embutido, um pequeno hino a Hermes (versos 27-31 ou 27-34). O hino a Hélio (Εἲς Ἥλιον, 21 versos) descreve a genealogia e o nascimento do deus; o hino a Selene (Εἲς Σελήνην, 20 versos) conta uma obscura aventura do filho de Crono (Zeus, certamente) com a deusa; o hino a Héracles (Εἲς Ἡρακλέα, 9 versos) relata brevemente seu nascimento e menciona telegraficamente os célebres "12 trabalhos" que realizou antes da divinização. O hino a Gaia (Εἲς Γῆν, 19 versos), assim como muitos outros, é puramente atributivo, i.e., lista apenas uma série de atributos da divindade.

Observe-se, finalmente, que o hino a Dioniso 1, que chegou até nós em estado fragmentário (temos apenas 63 versos), era primitivamente um hino extenso, como os longos hinos dedicados a Deméter, Apolo, Hermes e Afrodite. Ele relatava, aparentemente, o retorno de Hefesto ao Olimpo, façanha atribuída a Dioniso e a seus vinhos.

Quanto à datação dos hinos mencionados, os dois mais antigos são o hino a Dioniso 1, de -600, aproximadamente, e o hino a Dioniso 7, de -540, mais ou menos. Quanto aos demais, o hino a Héracles é posterior ao século -VI, o hino a Pã é do século -V, o hino a Gaia é posterior ao século -V; os hinos a Hélio e a Selene, ambos do Período Helenístico, são os mais recentes.

Manuscritos, edições e traduções

Todos os hinos menores estão presentes nos manuscritos medievais dos hinos homéricos, menos o hino a Dioniso 1, cujos fragmentos foram recompostos a partir de diversas fontes: P. Genav. 432, Diod. Sic. 3.66.3 e 1.15.7, Σ Ap. Rhod. 2.1211, Ath. 653b, P. Oxy. 670.

Editio princeps: todos os hinos "menores" foram editados pela primeira vez em Florença, 1488. O hino a Dioniso 1 e seus fragmentos recentemente descobertos, no entanto, foi editado pela primeira vez por West (2003).

O hino a Dioniso 7 foi traduzido por Jair Gramacho e por Fernando Brandão dos Santos em 2003; o hino a Pã foi traduzido por Gramacho em 2003. O hino a Hélio foi traduzido por mim e apresentado em uma Sessão de Comunicações do IV Congresso Nacional de Estudos Clássicos (Ouro Preto, MG, 2001). Todos, menos o hino a Dioniso 1, foram traduzidos por Maria Lúcia Massi em 2006. Os 63 versos atualmente conhecidos do hino a Dioniso 1 foram traduzidos pela primeira vez por Fernando Brandão dos Santos em 2008.

Passagens selecionadas

Todos os hinos, maiores e menores, encontram-se atualmente traduzidos, comentados e publicados na edição brasileira dos Hinos (Ribeiro Jr., 2010), dedicada a classicistas e ao público em geral.