460 palavras

Íbico de Régio

Ἴβυκος Ibycus Lyricus Ibyc.

Quinto poeta do cânone alexandrino de nove poetas líricos.

O pouco que sabemos a respeito de Íbico (gr. Ἴβυκος) provém de um dos verbetes da Suda (s.v. Ἴβυκος) e de raras menções dos escritores antigos.

miniatura Monumento a Íbico

Vida e obra

Nasceu em Régio, na Magna Graecia, provavelmente na primeira metade do século -VI e era de família ne; seu pai se chamava, provavelmente, Fítio. Por volta de -540, mudou-se para a corte do tirano Polícrates de Samos (-546/-522); em algum momento de sua vida, parece ter tido relações com Sicíon, pólis da Grécia continental.

Conta-se que o poeta foi morto por assaltantes perto da cidade de Corinto; mas o crime foi visto por algumas garças, que vingaram Íbico atacando os assassinos e matando-os a bicadas. Isso deve ser encarado, naturalmente, como uma das anedotas que se contavam na Antiguidade acerca da morte de alguns poetas.

Suid. credita a Íbico a invenção da sambuca (gr. σαμβύκη), instrumento de cordas de origem oriental, aparentado à cítara, de formato triangular e com quatro cordas. Se um extenso fragmento papiráceo sobre a Guerra de Troia é realmente da autoria de Íbico[2], foi ele o primeiro poeta a dividir um poema lírico em estrofe, antístrofe e epodo.

Sua poesia baseava-se em temas eróticos e versava sobre o “amor de meninos”; escritos nos dialetos dórico e eólico, os poemas foram reunido em sete livros pelos eruditos alexandrinos (Suid.). Sabe-se que compôs, ademais, vários poemas de temática mitológica e heroica, com predileção por versões pouco conhecidas dos mitos tradicionais. Segundo Lesky (1995, p. 211-4) e Bowra (2001), Íbico foi influenciado por Estesícoro; para Campbell (1991, v.3. p. 7), ele compunha “à maneira de Estesícoro”. Alguns de seus poemas parecem ter sido compostos para declamação solo, sem a participação de um coro.

Fragmentos e edições

Restam apenas fragmentos de seus poemas; alguns foram conservados por autores antigos, como Plutarco; outros têm sido descobertos em papiros. Dentre as fontes antigas, a mais importante é a coletânea de Sehneidewin (Göttingen, 1835), seguida pela de Bergk (Lepzig, 1882).

Passagens selecionadas

Em nossos dias, os fragmentos de Íbico podem ser encontrados em coletâneas como as de Bowra (Oxford, 21961) e Campbell (Cambridge, v. 3, 1991), mas a edição padrão é ainda a de Page (1962; supplementum, 1974).

Com exceção do F 287 e de meia dúzia de outros fragmentos traduzidos por Giuliana Ragusa (2013), Íbico continua inédito em português.