Terpandro era músico e um dos mais antigos expoentes da lírica coral grega.
Viveu provavelmente na primeira metade do século -VII e era considerado um inovador tanto da música
quanto da poesia (Campbell 1988).
Lira minoica com 7 cordas
Credita-se a ele, sem nenhum fundamento histórico, a invenção da lira de sete cordas[1] — mas é possível, no entanto, que ele tenha sido apenas um dos primeiros a reintroduzir na Grécia esse tipo de lira depois da queda do mundo micênico (Lesky 1995, p. 155-6).
Biografia e obra
Acredita-se que o pai de Terpandro se chamava Derdeneu, que nasceu em Antissa, Lesbos, e que se estabeleceu em
Esparta, onde fundou (ou introduziu) uma escola
ou sistema musical (gr. κατάστασις). Segundo a Suda, descendia de Hesíodo, o que é
altamente improvável. Venceu um concurso musical nas Carneias de
-676/-672 e é essa a única data mais ou menos certa de que dispomos. Algumas evidências sugerem, no entanto, que viveu entre
-700 e -640, aproximadamente.
A tradição liga seu nome ao desenvolvimento
do nomo (gr. νόμος),
antigo canto consagrado a Apolo (cf. Plutarco, Licurgo 700b). Plutarco atribuiu-lhe, ademais, proêmios para cítara em versos épicos (ver hinos homéricos), o desenvolvimento de
novos ritmos e a composição de σκόλια (sg. σκόλιον), canções para serem cantadas à mesa[2].
Apenas nove fragmentos de sua obra chegaram até nós, todos de autenticidade duvidosa. Nenhum trecho musical sobreviveu e é portanto difícil estimar a exata natureza de sua contribuição à música grega.
Heraclides do Ponto F 157; Píndaro F 125, IG 12(5) 444 A34; [Plutarco] Da música 1132c-1146b; Ateneu 635a; Estrabon 13.2.4; Clemente de Alexandria Miscelânea 1.21.131 e 6.11.88; Suda s.v.
Τέρπανδρος.
Edições e traduções
Os fragmentos estão disponíveis na antiga coletânea de Bergk (Leipzig, 1843) e nas edições de Diehl (Leipzig, 1925), Edmonds (London, 1958), Page (Oxford, 21967) e, mais recentemente, nas de Campbell (1988) e de Gostoli (Roma, 1990).
Em português, a primeira e única tradução de Terpandro que conheço é a do F 6 (da edição de Edmonds), publicada
por Maria Helena da Rocha Pereira em 91998.