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Baquílides

Βακχυλίδης Bacchylides Lyricus Bacchyl.

Baquílides é, juntamente com Píndaro, o único poeta lírico dos Períodos Arcaico e Clássico de quem possuímos poemas completos.

Até há alguns anos, julgava-se que Baquílides era mais novo do que Píndaro, seu grande rival. Evidências recentes indicam, porém, que os dois tinham mais ou menos a mesma idade.

À parte algumas farpas (Σ Píndaro Olímpicas 2.86), a decantada rivalidade entre Píndaro e Baquílides se baseia unicamente na interpretação de antigos escoliastas de Píndaro e não em fatos históricos.

Biografia

Baquílides nasceu por volta de -520 em Iulis, na ilha de Ceos e era, aparentemente, sobrinho de Simônides de Ceos. Seu pai se chamava Meidílos (ou Midon).

Assim como Simônides e Píndaro, compunha por encomenda e teve patronos de vários locais da Grécia, especialmente dos vencedores de competições atléticas nos festivais gregos.

 
Ilum. 0210 / competição de luta-livre ou pancrácio.

De acordo com Plutarco, Baquílides viveu algum tempo exilado no Peloponeso e, antes, pode ter passado algum tempo junto ao tirano Hieron I de Siracusa (fl. -478/-467), para quem compôs epinícios em pelo menos três oportunidades: -476, -470 e -468.

Sua última obra datável é de -452 e, na falta de mais informações, acredita-se que faleceu algum tempo depois, talvez por volta de -450.

As mais importantes são Estrabon 10.5.6; Plutarco, Do exílio 605c; Σ Píndaro, Olímpicas 2.154b, Nemeias 3.143 e Píticas 131; Eusébio, Crônica p. 110 e 112; Eliano, Histórias diversas 4.15; Suda s.v. Βακχυλίδης.

Obra

Baquílides era o oitavo poeta do cânone alexandrino de nove poetas líricos e seus poemas foram agrupados pelos eruditos da biblioteca de Alexandria em nove livros, de acordo com o tipo: Ditirambos, Peãs, Hinos, Prosódias, Partênions, Hipórquemas, Epinícios, Cantos Eróticos e Encômios.

Chegaram a nós 14 epinícios[1], mais ou menos completos; 7 ditirambos fragmentários, dois ou três quase completos; e diversos fragmentos de peãs e outros cantos. Vários poemas puderam ser datados.

Os epinícios, embora mais simples do que os de Píndaro, mostram ideias claras e linguagem mais direta, menos elaborada. Seu talento narrativo era considerável e conseguia “estruturar os versos de forma complexa e sofisticada sem ser obscuro” (Svarlien, 1999).

Alguns dos ditirambos que chegaram até nós contêm partes dialogadas. Embora representem provavelmente uma forma de arte mais evoluída do que a dos ditirambos primitivos, dão uma pequena ideia de como a tragédia e a comédia podem ter evoluído a partir de formatos corais mais simples.

Textos

Sinopses

Apenas um livro pôde ser, até o momento, reconstituído em parte; os demais são abordados em conjunto:

Edições e traduções

Não há manuscritos de Baquílides, somente papiros e citações. O mais importante dos papiros está conservado no Museu Britânico: o “papiro de Baquílides” (PLondon 733), datado do século II e descoberto no Egito em 1896. A editio princeps desse papiro é a de Frederic Kenyon (London, 1897). Outro papiro relevante é o POxy. 2363 (sæc. III).

há traduções isoladas das odes

As edições modernas trazem um ou outro poema quase completo e os fragmentos em conjunto. As mais importantes são as de David Campbell (Loeb, 1992), Jean Irigoin (Paris, 1993) e Herwig Maehler (Munich e Leipzig, 112003).

A primeira tradução de algumas citações antigas, de António José Viale (1868), é anterior à descoberta do papiro de Londres.

Em 2014, Martins de Jesus traduziu todas as odes e fragmentos conhecidos. Uma seleção delas foram também traduzidas em 2018 por Rezende Silva em seu doutorado.