Edições didáticas e traduções de textos gregos
O iniciante, o estudioso de áreas afins e o público em geral precisam se limitar, via de regra, a edições simplificadas — ou didáticas
— e a traduções para línguas modernas, que podem ou não vir acompanhadas do texto original.
Sumário
Edições princeps e edições padrão de textos gregos requerem grande familiaridade com o grego antigo e com o latim e estão, consequentemente, ao alcance de alguns poucos especialistas. Muitos estudiosos, quando não trabalham com algo muito específico, recorrem a edições simplificadas e a traduções bilíngues.
Edições didáticas
Elas são, em última análise, versões relativamente simplificadas das edições padrão de textos gregos. O autor usualmente adota o texto de uma das edições padrão existentes, sem aparato crítico ou com aparato muito simplificado, discute de forma limitada algumas dificuldades do texto, ajunta comentários de tradução, análises, referências à mitologia grega e a outros dados culturais e provê, dessa forma, um importante background para os estudiosos menos especializados.
da Odisseia
Algumas dessas edições são acompanhadas de uma tradução do texto grego para línguas modernas, às vezes face a face com o texto grego (edições bilíngues). Exemplos típicos são as edições da Loeb Classical Library, publicadas pela Harvard University Press desde 1911 em Londres e Cambridge (Massachusetts, EUA), os Classical Texts da Aris & Phillips, inicialmente publicadas em Warminster, Inglaterra, e os Classici Greci e Latini da Arnoldo Mondadori, publicados em Milão.
Traduções
As primeiras traduções de textos gregos, datadas da Renascença, eram versões em latim do texto grego. O humanista holandês Erasmo de Rotterdam fez muitas delas, no fim do século XV e início do século XVI, e algumas editoras, e.g. a francesa Didot, publicaram uma quantidade significativa delas a partir dos séculos XVII e XVIII.
Alguns autores gregos foram publicados pela primeira vez em latim, antes mesmo da editio princeps em grego (e.g. Diodoro Sículo, em 1472).
Mais recentemente — e em especial nos últimos 100 anos — foram publicadas muitas traduções, mas quase todas essas publicações têm apenas a tradução do texto grego para o inglês, francês, alemão, italiano, espanhol ou português. Os exemplos são numerosos; cito apenas a série Penguin Classics (Londres, Penguin Books), da Inglaterra, e a série Clássicos Gregos e Latinos (Lisboa, Edições 70), de Portugal.
Note-se ainda que existem no mercado muitas adaptações
de tragédias e comédias para representações teatrais que eu, particularmente, não recomendo... Quase sempre o
Clássicos gregos em português
Em inglês, francês, alemão e espanhol temos traduções de quase todos os autores gregos; em português, infelizmente, há pouca coisa. Não levo em conta, aqui, algumas traduções indiretas que, na realidade, se basearam em antigas traduções inglesas e francesas e não no texto grego.
Em Portugal a tradição de traduzir textos gregos e latinos começou bem cedo, durante a Renascença; a série Clássicos
Gregos e Latinos da Edições
70
, os Clássicos Inquérito da Inquérito e a Coleção Mare Nostrum da
Colibri, por exemplo, parecem ir de vento em popa, embora ainda haja muita coisa a ser
feita.
(grego-francês)
No Brasil, embora já no século XIX intelectuais como o poeta Odorico Mendes
A partir de 1965, em ritmo irregular mas crescente, têm aparecido excelentes traduções de obras gregas essenciais, a princípio restritas ao ambiente universitário ou fortemente adaptadas para encenação teatral, logo publicadas em edições ao alcance do público em geral.
Na época de seu lançamento, a coleção Grécia Roma
da Hucitec, a coleção Clássicos
Gregos
da Editora Universidade de Brasília e a Coleção Clássicos
da Martins Fontes
pareciam iniciativas promissoras, mas duraram pouco tempo. Em 2005, a Fiocruz iniciou a série Clássicos & Fontes
com a edição bilíngue de alguns textos da coleção hipocrática, preparada pelo meu amigo Henrique Cairus e por
mim, mas não continuou.
A editora L&PM Pocket tem publicado, também, boas traduções em formato de
bolso, a preços acessíveis. A Odysseus, a Iluminuras, a EdUNESP, a Editora 34, Ateliê / Mnēma e Madamu iniciaram, recentemente,
No Portal, as sinopses
das principais obras gregas
são acompanhadas de referências a boas traduções
portuguesas e
brasileiras
baseadas no texto grego original.