Há ainda controvérsias a respeito da época em que viveu Caronte de Lâmpsaco
(gr. Χάρων), um dos mais antigos logógrafos e prosadores da
literatura grega.
Vida
Segundo Jacoby (FGrH 262), Caronte viveu décadas depois de
Heródoto (-484/-425), todavia estudos mais recentes sugerem que escreveu suas obras
um pouco antes do Pai da História, talvez em -465 ou antes[1], a julgar
por informações transmitidas por Plutarco (Them. 27). Vários escritores antigos situam Caronte antes de Heródoto, e.g. Tertuliano (De. an. 46) e
Dionísio de Halicarnasso (Ad Pomp. 3.7); já o verbete da Suda dá informações um pouco
desencontradas, mas não imcompatíveis.
Xerxes I, rei da Pérsia
Ele era filho de Pítocles e γενόμενος,
‘teria vivido, durante o reinado de Dario I (-522/-486) —
μᾶλλον, ‘ou melhor / especialmente’, de -480/-477
a -464/-461. Os dois grupos de datas podem refletir, simplesmente, a época aproximada de seu nascimento e o período referente
à sua atividade de escritor, pois não é improvável que tenha vivido 70 anos ou pouco mais do que isso.
Obras, edições e traduções
De acordo com os antigos, Caronte escreveu pelo menos 10 livros, entre eles histórias da Etiópia, da Líbia, da Pérsia,
de Lâmpsaco[2] e de outros lugares da Grécia, além de uma cronologia dos prítanes e arcontes de Esparta, de uma história de Creta com descrição das leis estabelecidas por Minos, e de uma viagem além das Colunas de Héracles[3], limite ocidental do mundo então conhecido.
Nenhuma de suas obras chegou até nós. Dispomos apenas de alguns fragmentos e de vários testemunhos antigos, editados por Creuzer
(Heidelberg, 1806) e por Muller (Paris, 1841). A melhor fonte é, atualmente, a coletânea crítica editada por Jacoby (FGrH 262).
Não há traduções sistemáticas dos fragmentos de Caronte de Lâmpsaco para o português.