Eurípides / Heraclidas
Uma das mais antigas tragédias completas de Eurípides. O drama contém 1055 versos.
Sumário
Heraclidas (gr.
A tragédia tem a menor proporção de versos cantados dentre as tragédias euripidianas e é a única na qual os atores não cantam nenhum verso[1]. Outro elemento importante é a presença de um debate formal (agon) com a estrutura típica desse dispositivo retórico[2].
Temas mais importantes: exílio, suplicação, poder versus justiça, política e patriotismo, refúgio político, asilo, sacrifício humano voluntário, vingança, rejuvenescimento, prisioneiro de guerra.
Personagens do drama

O coro é constituído de cidadãos de Maratona. Iolau é o sobrinho e antigo companheiro de Héracles; o arauto argivo é o representante de Euristeu; Demofonte, filho de Teseu, é o rei de Atenas; a donzela é uma das jovens filhas de Héracles; Alcmena, viúva de Anfitrião, é a mãe de Héracles; Euristeu, rei de Argos, é primo e inimigo de Héracles. Os filhos de Héracles são representados por figurantes.
Ao longo da tragédia, o nome do arauto de Euristeu e da donzela não são mencionados. A antiga hypóthesis da peça fornece, porém, os seguintes nomes: Copreu (arauto) e Macária (donzela).
Argumento
O enredo se baseia no mito do retorno dos filhos de Héracles ao Peloponeso gerações após a morte do herói.
Os filhos de Héracles são perseguidos por Euristeu, rei de Argos, após a morte do herói. Acompanhados de Iolau, antigo companheiro de Héracles, e de Alcmena, sua avó, os jovens pedem ajuda a Demofonte, filho de Teseu e rei de Atenas. Graças ao sacrifício voluntário de Macária, uma das filhas de Héracles, os atenienses vencem o exército de Euristeu, que é capturado e morto.

Mise en scène
A cena se passa em Maratona, Ática, diante do templo de Zeus Agoraios.
O protagonista fazia o papel de Iolau e o de Euristeu; o deuteragonista representava Demofonte e o Servo; e o tritagonista, o arauto, a donzela e Alcmena.
Iolau e os filhos de Héracles já estão posicionados na orquestra antes de o Prólogo começar.
Estrutura dramática
Prólogo, 1-72: monólogo de Iolau
Párodo, 73-119: estrofe
1º Episódio, 120-352: diálogos entre Demofonte, arauto, Iolau e Coro, em duas partes. Na primeira
1º Estásimo, 353-80: estrofe
Manuscritos, edições e traduções
Heraclidas faz parte do ramo das peças alfabéticas, com apenas um ms. importante, L; os demais são apógrafos (cópias) de mmss. perdidos, dentre os quais o melhor é P. Em alguns mmss., uma hypóthesis antecede o texto.
Acreditava-se, até meados do século XX, que havia lacunas na metade e no final da peça e que algumas citações de
comentadores antigos, não presentes no texto canônico da tragédia, pertenciam às passagens perdidas. A maioria dos
eruditos duvida, no entanto, que esses fragmentos tenham sido, algum dia, parte do texto de
A editio princeps foi publicada por Aldo Manutius em 1503. Edições isoladas e recentes da tragédia: Antonio Garzya (Leipzig, 1972), John Wilkins (Oxford, 1993) e William Allan (Liverpool, 2001).
A primeira tradução da tragédia para o latim foi efetuada por Collinus, juntamente com as demais (Basileia, 1541). Traduções isoladas para o português: Cláudia Cravo da Silva (Lisboa, 2000) e Clara Crepaldi (S. Paulo, 2017).
Recepção
A cena principal de um pelike lucaniano de figuras vermelhas do Pintor da Carneia, datado de c.
A volta de Heraclidas aos palcos se deu em 1781, com uma adaptação da peça intitulada The Royal Suppliants, apresentada no Drury Lane de Londres.