Segundo a tradição, o mais antigo dos oráculos gregos situava-se em
Dodona (gr. Δωδώνη), no
Épiro, a 22 km de distância da atual cidade de Ioanina.
Ruínas do templo de Zeus em
Dodona
Os primeiros vestígios
atribuíveis à atividade oracular remontam, no entanto, somente ao século
-VIII. Em épocas remotas parece ter existido no local um santuário
dedicado a Gaia, ali também conhecida por Dione, relegada a segundo plano bem antes do
início do Período Arcaico, época de Homero e de Hesíodo.
O oráculo consistia, inicialmente, de um carvalho sagrado, possivelmente rodeado de
trípodes de bronze; somente no fim do século -V foi erguido o primeiro
templo de pedra dedicado a Zeus. No século -IV e no Período Helenístico
foram acrescentados outros templos, um bouleuterion, um pritaneion (onde
viviam os sacerdotes), uma acrópole, um estádio e um teatro de 18.000
lugares, seguramente um dos maiores da Grécia.
As perguntas ao oráculo, pelo menos no século -VI, eram geralmente
submetidas por particulares em placas de chumbo; as respostas dependiam, basicamente,
do som emitido pelas folhas do carvalho, agitadas pelo vento, e pelo ruído das aves que
ali faziam ninho. A vontade do deus, é claro, era interpretada pelos sacerdotes locais,
os selloi (gr. σελλοί). No século -V,
segundo Heródoto, o santuário foi administrado por três sacerdotisas.
A Ilíada contém a mais antiga referência literária ao oráculo e aos
sacerdotes (Il. 2.749-50 e 16.231-5), mas é na
Odisseia que encontramos uma menção direta às consultas oraculares (ver epígrafe).
Pirro (-319/-272), rei do Épiro, instituiu jogos atléticos, competições
dramáticas e musicais a cada quatro anos, no local, em honra a Zeus Naios. A
partir do fim do século -III o santuário foi arrasado pelo menos duas
vezes (etólios, -219; romanos, -168), mas continuou atraindo
peregrinos até 391, quando cristãos fanáticos cortaram o carvalho sagrado.