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Plutarco

Πλούταρχος Plutarchus Biographus et Phil. Plut.

Um dos mais profícuos e cativantes prosadores gregos do Período Greco-romano e um dos mais antigos biógrafos de que se tem notícia.

Sumário

Plutarco é associado, em termos de filosofia, ao Medioplatonismo.

Biografia

Nasceu em Queroneia, perto de Tebas, por volta de 45; completou os estudos na Academia de Atenas com o filósofo platônico Amônio e viajou posteriormente pela Ásia, pelo Egito e pelo norte da Itália.

Passou algum tempo em Roma, onde fez bons amigos e deve ter consultado muitos documentos e livros necessários aos seus escritos.

Fixou-se em sua cidade natal, Queroneia, e se casou com Timoxena, com quem teve diversos filhos. Lá passou quase toda sua vida, cercado de amigos, escrevendo e desempenhando diversas funções cívicas, inclusive a de arconte.

miniaturaPlutarco

Foi também sacerdote de Apolo em Delfos durante os últimos 20 ou 30 anos de sua vida e muito fez pela revitalização do santuário.

Voltou a Roma pelo menos uma vez, na época de Domiciano (81-96), quando apresentou uma série de conferências sobre assuntos diversos. Embora vivesse em Queroneia, tinha também direitos de cidadão em Atenas, Delfos e Roma, onde seu nome oficial era Mestrius Plutarchus.

É certo que em 120 ainda vivia; deve ter morrido pouco depois, talvez por volta de 125. Depois de sua morte, recebeu grandes homenagens em Delfos.

Obras sobreviventes

Segundo a tradição, Plutarco escreveu mais de 200 livros. Chegaram até nós cerca de 50 biografias de gregos e romanos ilustres e ainda 78 escritos sobre os mais variados tópicos.

As biografias, conhecidas por Vidas Paralelas, são estruturadas da seguinte forma: primeiro, a biografia de um grego; depois, a biografia de um romano; finalmente, uma curta comparação entre os dois. Os três primeiros “pares” são Teseu e Rômulo; Licurgo e Numa; Sólon e Valerius Publicola. Há quatro "Vidas" isoladas, cujos pares se perderam: Artaxerxes, Arato, Galba e Othon.

Os demais escritos, conhecidos coletivamente por Moralia, ‘Obras morais’, podem ser frouxamente reunidos em três grandes grupos:

  • Filosofia e religião
    Questões platônicas, As contradições dos estoicos, Sobre o E de Delfos, Sobre os oráculos da Pítia, O ‘daimon’ de Sócrates, A superstição etc.;
  • Moral
    Da virtude moral, A cura da cólera, A inveja, A paz da alma, O banquete dos Sete Sábios, Se os velhos devem participar dos negócios públicos, Como distinguir entre o adulador e o amigo etc.;
  • Crítica literária, pedagogia
    A malignidade de Heródoto, A educação das crianças, Comparação entre Aristófanes e Menandro etc.

Algumas obras de Plutarco foram publicadas postumamente por iniciativa de um de seus filhos que, aliás, também se chamava Plutarco.

Características da obra

Plutarco não era propriamente um historiador: faltavam-lhe, por exemplo, a capacidade analítica e a objetividade de Tucídides. Mas tinha um genuíno interesse pelas qualidades e defeitos humanos dos personagens que estudou e sua influência nos importantes eventos de que participaram. Embora exagerasse um pouco o papel desses homens na História, ele é uma de nossas mais importantes fontes da história grega e romana.

Sua filosofia era eclética, a despeito de sua formação platônica; há influências pitagóricas, peripatéticas e até estoicas em diversos textos. Plutarco não era um pensador original, mas tratava a filosofia com grande seriedade e prezava muito a moral prática.

Essas característica transparecem tanto nas Vidas como nas Obras Morais. Ele tinha também “marcado temperamento didático” (Lesky, 1995) e hoje em dia seria considerado um grande divulgador.

Plutarco utilizou, basicamente, a koiné, mas sem o aticismo e o recurso exagerado à retórica tão em voga no século II. Assim como Heródoto, ele frequentemente recorria a anedotas, digressões e descrições dramáticas; o resultado final era, porém, despretencioso, espontâneo, vivo e agradável.

Influências

É difícil avaliar a extensão de sua influência; Plutarco é, certamente, um dos autores gregos mais lidos dos últimos 500 anos.

Montesquieu (1689/1755), Rousseau (1712/1778) e Napoleão (1769/1821), entre outros, inspiraram-se nele; o grande Shakespeare (1564/1616) recorreu diretamente a Vidas Paralelas para escrever, por exemplo, Júlio César, Coriolano, Antônio e Cleópatra...