A lenda de Adônis, popular nas épocas
helenística e greco-romana, é originária da Ásia Ocidental.
Afrodite, Adônis e Perséfone
Adônis pode ser equiparado a divindades orientais que desempenham o papel de
filho e/ou consorte de numerosas deusas mães, como Inanna, Ninhursag,
Ištar e Astarte, entre outras (Campbell, 1994).
O Adônis grego baseou-se certamente no Tammuz babilônico, que por sua vez remonta ao Dumuzid (ou Damuzid)
sumeriano, consorte de Innana[1].
Mirra e Adônis
Mirra, filha do rei da Síria, apaixonou-se pelo próprio pai e,
através de estratagemas, conseguiu passar doze noites com ele. Mas o rei descobriu o
engodo e, furioso, perseguiu a filha com a intenção de matá-la. Os
deuses, porém, o impediram, transformando a princesa em uma árvore odorífera, a
mirra.
Meses depois, o tronco da árvore abriu-se e dela saiu um menino de
grande beleza, que recebeu o nome de Adônis.
A deusa Afrodite, impressionada com ele, recolheu-o e pediu que
Perséfone, esposa de Hades, o criasse às escondidas. Quando ele se tornou
adolescente, porém, Perséfone se apaixonou pelo rapaz, e não quis
devolvê-lo a Afrodite, que também o queria.
O litígio entre as duas deusas teve de ser arbitrado por Zeus. O soberano dos
deuses decidiu que o rapaz passaria um terço do ano com Afrodite, um terço com
Perséfone e o outro terço com quem quisesse. Resultado prático: Adônis passava dois
terços do ano em companhia de Afrodite...
As rosas de Adônis
Adônis adorava caçar, e Afrodite frequentemente o acompanhava, em um carro puxado
por cisnes. Certo dia, porém, quando caçava sozinho, um javali feroz
feriu-o mortalmente. Algumas versões relatam que o javali era, na
verdade, o ciumento deus Ares, amante de Afrodite; outras, que havia sido enviado
por Ártemis, ou ainda por Apolo, por razões pouco claras.
Afrodite acorreu imediatamente, mas era tarde demais para salvar o rapaz.
Entristecida, a deusa fez com que a anêmona, belíssima flor vermelha que
floresce brevemente na primavera, brotasse do sangue derramado por ele. Relatos
posteriores sustentam que, ao socorrer o jovem, Afrodite feriu-se em um
espinho e seu sangue tingiu de vermelho as rosas, que até então eram somente de cor
branca.