Passagens em que Aristófanes, através da boca do poeta trágico Ésquilo, exalta as
grandes contribuições dos antigos poetas.
A tradução, em prosa, é de Junito S. Brandão (1958). O texto original está em versos.
ÉSQUILO
Vê bem que homens recebeu ele de mim no início: homens valentes, de elevada
estatura e não cidadãos que se furtam ao cumprimeiro do dever, os ociosos das
praças públicas, os embusteiros, como se vêem hoje, nem os intrigantes, senão os
apaixonados pelas lanças, pelos capacetes de penachos brancos, elmos, grevas
— corações revestidos de sete peles de boi.
(...)
Em seguida celebrei uma façanha maravilhosa, fazendo representar Os
Persas, onde ensinei que cumpre aspirar sempre a levar a melhor sobre os
inimigos.
(...)
Eis aí os assuntos de que devem tratar os poetas. Vê como desde a mais remota
antiguidade se mostraram úteis os vates que tinham nobreza de alma. Orfeu
ensinou-nos os mistérios e a abstenção dos assassínios, Museu, a
cura das doenças e os oráculos; Hesíodo, os labores campestres, as estações dos
frutos, o trabalho em geral; e o divino Homero, por que desfruta também honra e
glória, se não por haver ensinado coisas úteis: estratégia, virtudes bélicas e
os equipamentos dos soldados?