Os romancistas

As narrativas gregas em prosa que convencionalmente denominamos romances gregos (em inglês, greek novels) têm suas raízes nos séculos -II/-I, em pleno Período Helenístico. O gênero só floresceu, no entanto, durante a época imperial, notadamente nos séculos II e III.

A trama básica desses textos envolve, via de regra, patética e ficcional história de amor entre dois jovens belos e castos, que se conhecem, se apaixonam, são separados e se reúnem somente depois de numerosas e quase ininterruptas peripécias (viagens, raptos, guerras, etc.), entremeadas dse eventuais intervenções divinas. Os finais são sempre felizes e terminam invariavelmente em casamento.

O mais antigo texto que se pode atribuir a esse tipo de narrativa, pelo menos em relação ao componente amoroso do cânone, é o Romance de Nino, escrito talvez no século -II e conhecido apenas por fragmentos. Embora o autor recorra a personagens históricos, a trama é fictícia.

miniaturaA atenta leitora

Os principais romancistas conhecidos e cujas obras chegaram até nós na íntegra são Cáriton (sæc. I), Aquiles Tácio e Longo (sæc. II), Xenofonte de Éfeso (fim do sæc. II) e Heliodoro de Emesa (sæc. III). O patriarca bizantino Fócio (810/893) conservou, ademais, numerosos fragmentos de outros autores e sumários de obras perdidas.

O estilo dos autores é elegante e relativamente simples, sugerindo que o público alvo era o homem comum, embora letrado, interessado em distração e em algum escapismo. Há certamente nítido paralelo entre essas antigas obras e as novelas populares e best-sellers de nossa época, algumas delas dirigidas especificamente ao público feminino.