Os logógrafos

Heródoto (-484/-425)Heródoto (-484/-425)

A prosa grega começou na segunda metade do século -VI com os autores de histórias locais, genealogias e cronografias, conhecidos coletivamente por logógrafos (gr. λογογράφοι), lit. escritores de ‘relatos em prosa’.

Esses intelectuais não eram propriamente historiadores, pois ainda misturavam mitos e fatos, mas escreviam em prosa e mostravam um certo espírito crítico. Nisso eles se distinguiam amplamente dos poetas épicos, autores de catálogos e genealogias míticas em versos, puramente descritivas.

Heródoto usou um termo semelhante, λογοποιός, ‘criador de relatos’, para qualificar tanto Hecateu de Mileto (-550/-475), um de seus predecessores (2.143), quanto o fabulista Esopo (2.134); é em Tucídides que encontramos, pela primeira vez, essa expressão (1.21.1). Tucídides incluiu, aliás, o próprio Heródoto entre os logógrafos... (Almeida Prado, 1999, p. 210, nota 73).

Os escritos genealógicos dos logógrafos caracterizavam-se não só por uma certa mistura entre mitos e fatos, mas também por uma certa dependência de modelos épicos, notadamente Hesíodo. Criticavam muito pouco as informações que recebiam e tentavam apenas racionalizar, algumas vezes, as lendas e tradições que relatavam, tentando desvinculá-las pelo menos em parte da religião e do mito. Esses antigos prosadores nem de longe recordam o frio ceticismo de Heródoto ou a cuidadosa análise crítica de Tucídides.

Os logógrafos floresceram na segunda metade do século -VI e na primeira metade do século -V. Segundo a Suda, o mais antigo foi Cadmo de Mileto (fl. -550), mas atualmente não se acredita que se trate de personagem histórico. Os mais importantes dentre eles foram Acusilau de Argos, Caronte de Lâmpsaco, Hecateu de Mileto, Ferécides de Atenas e Helânico de Lesbos.

Passagens selecionadas

Edições

Restam, de todos eles, apenas fragmentos e comentários sobre suas obras, efetuados por autores tardios. Editados desde o século XVIII, esses fragmentos foram reunidos na monumental edição de Jacoby, Fragmente der griechischen Historiker (mais conhecida pela abreviatura FGrH), iniciada em 1923 e ainda incompleta.