Eurípides / Helena
Uma das tragédias completas de Eurípides, com 1692 versos.
Sumário
Helena, uma das mais longas tragédias gregas sobreviventes, foi representada pela primeira vez nas
Dionísias Urbanas de Atenas em
Desconhecemos as duas outras tragédias e o drama satírico que a acompanharam na tetralogia, a premiação e os outros competidores do concurso trágico.
O tema central da peça é a distância entre aparência e realidade. Outros temas: tragédias de plano e
Personagens do drama
O Coro é composto de cativas gregas.
Helena é filha de Zeus e esposa de Menelau; Teucro, filho de Telamon e
Personagens mudos formavam o séquito de Teoclímeno e de Teonoé e representavam os companheiros de Menelau.
Argumento
O enredo se baseia em episódio do ciclo troiano situado logo após a tomada de Troia pelos gregos e em
uma variante do mito de
Helena conta que, quando
Chega Menelau, que explica as dificuldades de sua volta, diz que trouxe Helena consigo e que seu navio naufragou há pouco. Bate à porta do palácio e descobre, por meio da porteira, que está no Egito, que Helena vive no palácio há anos e que o rei Teoclímeno mata todos os gregos que encontra; perplexo, tenta entender a informação sobre a segunda Helena.

Menelau e Helena se encontram, mas Menelau se recusa a reconhecer nela sua esposa. Ao saber do desaparecimento do
fantasma, Menelau reconhece Helena e ouve sua história; ela diz que, para evitar Teoclímeno,
Teonoé se dispõe a
Menelau aparece com seus companheiros para liderar o ritual e, mais tarde, um mensageiro fala a Teoclímeno da fuga de Helena e Menelau e conta o quanto ele foi enganado. Teoclímeno está decidido a matar Teonoé, mas surgem os dióscuros ex machina e Castor avisa Teoclímeno que não deve fazer mal à irmã e que eles protegerão Helena e Menelau.
Mise-en-scène
A cena se passa no Egito, perto do Nilo, diante do palácio de Teoclímeno. O túmulo de Proteu, pai de Teoclímeno, está bem visível; há um leito de palha ao seu lado (798).
Antes da entrada de Menelau, todos os personagens saem da orquestra
Menelau veste farrapos até pouco antes da fuga. Helena muda suas vestes para roupas de luto e se apresenta de cabelos cortados após 999-999.
O protagonista fazia o papel de Helena, do Segundo Mensageiro e de Castor; o deuteragonista, o de Teucro, de Menelau e do Servo; e o tritagonista representava a Porteira, o Primeiro Mensageiro, Teonoé e Teoclímeno.
Coisa rara na tragédia grega, personagens e Coro deixam o palco antes da entrada de Menelau
Estrutura dramática
Manuscritos, edições, traduções
Como as demais peças alfabéticas de Eurípides, sem escólios, dispomos de um
único manuscrito com a tragédia completa (L); e um papiro do século
Principais edições modernas isoladas da tragédia: Karin Alt (Leipzig, 1964); Amy Dale (Oxford, 1967); Richard Kannicht (Heidelberg, 1969), Peter Burian (Oxford, 2007); William Allan (Cambridge, 2008).
Traduções isoladas para o português: José Ribeiro Ferreira (Coimbra, 2005); Alessandra de Oliveira (Coimbra, 2009 e 2015); Clara Crepaldi (S. Paulo, 2013); Jaa Torrano (Rio de Janeiro, 2017); Trajano Vieira (S. Paulo, 2020).
Recepção
Não há representações conhecidas da versão euripidiana das aventuras de Helena nas artes visuais.

Há poucas reapresentações modernas e não adaptadas da tragédia, que retornou ao palco somente em 1876, em Filadélfia, sob a direção de William H. Daly. Bem mais tarde, em 1939, uma tradução em grego moderno foi apresentada no Pireu e em Esparta sob a direção de Thanos Tragkas.
Algumas das encenações posteriores: Toynbee Hall Theatre (Londres, 1955), dirigida por Joy Fisher; antigo teatro de Siracusa (1978), dirigida por Roberto Guicciardini; Brasenose College (Oxford, 1974), em grego antigo, sob a direção de Nick Beeson; New York Public Theater (2002), versão moderna dirigida por Ellen McLaughlin; antigo teatro de Epidauro (2021), direção de Vassilis Papavassiliou.
O poeta português José Tolentino de Mendonça encenou em 2005 (Teatro Taborda, Lisboa) uma interessante discussão sobre a Helena euripidiana.