Homero / Ilíada 2.455-79

Il. 2.455-79
tradução / grego antigo

A passagem ilustra um dos mais característicos recursos estilísticos da epopeia homérica, o símile. Podemos titular informalmente o trecho como A marcha dos aqueus.

A tradução, ainda inédita, é de Maria Celeste Consolin Dezotti, que a apresentou durante uma aula de graduação e gentilmente autorizou sua reprodução nesta página.

455 Como fogo destruidor abrasa imensa floresta em cume de montanha, e de longe brilha o clarão, assim dos que marchavam, do bronze divinal um brilho todo radiante, através do éter, ao céu chegava. Como dos pássaros alados tribos numerosas 460 de gansos, grous ou cisnes de longos pescoços em pradaria do Àsio, às margens do Caistro, aqui e ali voam, ufanos de suas asas, pousando frente a frente, com agudos gritos, e a pradaria ressoa, assim numerosas tribos, dos navios e das barracas 465 pela planície do Escamandro se esparramavam; então o chão, sob os pés deles e de seus cavalos, estrondeava terrivelmente. Então detiveram-se no prado florido do Escamandro inúmeros, quantas folhas e flores nascem na estação. Como de moscas em enxame tribos numerosas 470 elas que em redil de ovelha esvoaçam em estação primaveril, quando o leite as vasilhas inunda, tantos aqueus, de cabeças cabeludas, face a troianos na planície se instalaram, ardentes por destruir. E como dos vastos rebanhos de cabras os homens cabreiros 475 facilmente separaram as suas, ainda que se misturem no pasto, assim a eles os chefes punham em ordem aqui e ali, para ir a combate, entre eles o superior Agamêmnon semelhante, pelo olhar e cabeça, a Zeus que se alegra com o raio, a Ares, pela cintura, e, pelo peito, a Poseidon.