Lísias
Um dos mais importantes oradores áticos do cânone alexandrino, sua atividade pertence à primeira época da eloquência ática.
Sumário
Lísias era na realidade um
Biografia
Nasceu em Atenas, por volta de
Depois da morte do pai, ele e seu irmão Polemarco
Em -403, os dois irmãos foram presos pelos Trinta Tiranos e todos os seus bens, confiscados (Lys.
A única oração que Lísias pôde apresentar pessoalmente aos juízes, antes de perder a cidadania, foi o discurso Contra Eratóstenes (Lys. 12), um dos Trinta Tiranos, que ele acusou da morte de Polemarco. Não sabemos o resultado do julgamento, mas é provável que Lísias não tenha conseguido uma condenação.
Lys. 12, Pl. R.
Obras sobreviventes
Sabemos que 425 discursos circulavam com seu nome na época do
Predominam, no corpus atualmente conhecido, os discursos preparados para os tribunais atenienses, tanto em causas públicas como em causas de natureza privada. Eis uma lista das orações consideradas autênticas (as marcadas com * não são, quase certamente, de Lísias):
Epidíticos
Oração olímpica, Oração fúnebre*Deliberativos
Contra a subversão da Constituição AncestralJudiciários / causa pública
Sobre um ferimento premeditado, Por Cálias, Contra Andócides*, Defesa sobre a oliveira, Pelo soldado*, Contra Eratóstenes, Contra Agorato, Contra Alcibíades (1 e 2), Da defesa de Mantiteu, Da propriedade do irmão de Nícias (peroração), Da propriedade de Aristofenes, Por Polístrato*, Defesa contra a acusação de proprinas, Contra os mercadores de cereais, Da recusa de uma pensão (ou Em defesa do inválido), Defesa da acusação de subversão da democracia, Sobre o escrutínio de Evandro, Contra epicrates e companheiros, Contra Ergocles, Contra Filocrates, Contra Nicômaco, Contra FilonJudiciários / causa privada
Contra Teomnesto 1 e 2, Da propriedade de Eraton, Contra Pancleon, Contra DiogitonJudiciários / ambas as causas
Do assassinato de Eratóstenes, Contra SimonOutros
Acusação de calúnia*
Platão reproduz um discurso de Lísias sobre o amor no diálogo Fedro
Características da obra
O texto de Lísias evidencia grande destreza narrativa, aliada à pureza do estilo, à simplicidade e ao uso da linguagem cotidiana; a falta de adornos retóricos, no entanto, não implica em coloquialismo ou em artificialismo. Sua capacidade de retratar favoravelmente ou desfavoralvelmente os personagens envolvidos na causa (gr.
Os estudiosos modernos têm levantado uma série de questões sobre a obra de Lísias, em especial sobre a autoria dos discursos. Dover (1968), por exemplo, levantou grande polêmica ao sugerir que os clientes de Lísias participaram de forma extensiva da criação e da publicação dos textos; essa interpretação, no entanto, é contestada por muitos outros eruditos.
É provável que o relacionamento entre Lísias e clientes tenha sido muito semelhante ao dos advogados modernos e seus clientes: o cliente apresenta o problema, conta sua história e o advogado prepara e apresenta a necessária argumentação legal diante dos juízes. A diferença mais significativa seria, apenas, o fato de acusadores e acusados precisarem apresentar pessoalmente, nos tribunais atenienses, seus discursos. Em relação à publicação e disseminação dos discursos, lembremos que não havia, na Antiguidade, o conceito de "direitos autorais".
Referências e comentários de Lísias aos eventos históricos contemporâneos fazem dele, igualmente, importante fonte da história de Atenas.
Manuscritos e edições
Os dois mais manuscritos mais importantes são o Palatinus 88 (sæc. XII), de Heidelberg, o Laurentianus plut. 57.4 (sæc. XV), da Biblioteca Laurenciana de Florença, os Marcianus 422 e 416 (sæc. XV e sæc. XIII, respectivamente), da Biblioteca de São Marcos em Veneza, e o Parisinus 249 (sæc. XII), da Biblioteca Nacional de Paris. Dioniso de Halicarnasso conservou alguns fragmentos de discursos (Lys. passim), outros foram recuperados em numerosos papiros.
A editio princeps foi publicada em Veneza por Aldus Manutius em 1513. Edições antigas mais importantes: Stephanus (Genebra, 1575), Reiske (Leipzig, 1772), Bekker (Berlim e Oxford, 1823), Baiter e Sauppe (Zurique,
A mais antiga edição dos fragmentos é a de Taylor (Londres, 1739); atualmente,