literatura750 palavras

Demóstenes

Δημοσθένης Demosthenes Orator Dem.

O maior orador da Antiguidade e, possivelmente, também dos tempos modernos.

Sumário

As obras de Demóstenes são ainda importante referência e modelo para todos os que se dedicam seriamente a discursar diante de algum tipo de público.

Biografia

O orador nasceu em Atenas por volta de -384. A família era abastada mas, depois de perder o pai aos sete anos, Demóstenes teve os bens dilapidados pelos tutores.

Estudou oratória, possivelmente com Iseu, e tentou recuperar a fortuna processando os antigos tutores. Logo se tornou um bem sucedido logógrafo, escritor profissional de discursos, e teve alguns dos mais ricos atenienses como clientes.

miniaturaBusto de Demóstenes

Começou a tratar de assuntos de interesse público a partir de -354. Seus discursos na Assembleia trataram, principalmente, da política externa ateninense e, notadamente, da intromissão de Felipe II da Macedônia nos assuntos internos das cidades gregas.

Exerceu diversos cargos públicos: trierarca, buleuta, administrador dos fundos públicos e muitos outros. Demóstenes participou da embaixada que negociou a paz de Filócrates (-346) e, entre -340 e -338, foi o mais proeminente político de Atenas.

Conseguiu unir diversas cidades gregas contra os macedônios mas, após a vitória de Felipe II em Queroneia (-338), batalha em que lutou como soldado, voltou a se dedicar aos assuntos internos da cidade.

Em -336, a despeito da forte oposição de seus inimigos políticos, nomeadamente Ésquines, recebeu uma coroa, em reconhecimento aos serviços prestados a Atenas. Anos depois, no entanto, foi acusado de corrupção (o "caso Harpalo") e teve que se exilar (-324).

Logo após a morte de Alexandre III (-323), incitou uma revolta contra Antípatro, o regente macedônio (a guerra lamiana). Condenado à morte após a vitória da Macedônia (-322), fugiu para a ilha de Caláuria (perto de Trezena, na Argólida). Cercado pelos soldados que o perseguiam, preferiu suicidar-se.

Obras sobreviventes. Sinopses

Chegaram até nós algumas cartas e cerca de 60 discursos atribuídos a Demóstenes. A partir de -355, alguns dos discursos "políticos" foram publicados, provavelmente pelo próprio Demóstenes.

O primeiros discurso de Demóstenes foi pronunciado contra um dos antigos tutores, na primeira tentativa de recuperar parte de seus bens (Contra Áfobo, -363). Os seguintes, quase todos de autenticidade contestada, foram escritos para serem pronunciados nos tribunais por outras pessoas.

Um dos mais notáveis, seguramente da autoria de Demóstenes, é o A Favor de Fórmion (-350). O Contra Neera, mais ou menos da mesma época e quase certamente apócrifo, contém diversas informações interessantes sobre os costumes atenienses.

As orações relacionadas com a questão macedônica dominam, no entanto, sua atividade posterior. Os discursos mais importantes foram as Filípicas (-351 a -341), as Olínticas (-349) e o Sobre a Embaixada (-343). Dos outros discursos de natureza política, dois dos mais interessantes são o A Favor dos Ródios (-351) e o Contra Mídias (-347), este escrito mas não apresentado.

A Oração da Coroa (-330), pronunciada para defender-se das acusações apresentadas por Ésquines perante a Assembleia, é o mais célebre e pessoal discurso de Demóstenes, sua obra-prima (ver epígrafe supra).

Há, por enquanto, apenas uma sinopse no Portal:

Características da obra

ἐγὼ νομίζω τὸν μὲν εὖ παθόντα δεῖν μεμνῆσθαι πάντα τὸν χρόνον, τὸν δὲ ποιήσαντ' εὐθὺς ἐπιλελῆσθαι. Na minha opinião, aquele que recebe um benefício deve recordá-lo a vida toda, e quem o praticou deve esquecê-lo de imediato. Demóstenes, Discursos 18.269

Demóstenes dominava com maestria o dialeto ático e todos os recursos retóricos necessários à eloquência. Seus discursos eram cuidadosamente planejados e desenvolvidos de forma a atingir o efeito desejado; a linguagem era sempre simples e acessível.

Ele sabia temperar a veemência e a paixão com a lógica e a argumentação apropriada; a cólera, a ironia, o sarcasmo, a reprovação eram representadas com enorme destreza. Um de seus artifícios estilísticos, por exemplo, era repetir certas palavras a intervalos regulares para dar o destaque necessário a uma determinada ideia.

Os fatos que apoiavam seus argumentos eram sempre apresentados através de um encadeamento coerente, vigoroso, apaixonado, aparentemente espontâneo, e irresistível... Consta que, no discurso a favor de Fórmion, Demóstenes apresentou seus argumentos com tanta veemência e sinceridade que os jurados, numa atitude inédita até então, se recusaram a ouvir a parte contrária e deram ganho de causa a seu cliente.

Dizia Fénelon (1651/1715) que “ele pensava, sentia e a palavra saía” (Humbert & Berguin 1961, p. 319).

Outro notável aspecto de sua imensa obra foi a enorme energia que dedicou, com sinceridade, aos melhores interesses de sua cidade.

A editio princeps de Demóstenes é a Aldina (Veneza, 1504).