Evangelhos sinópticos e atos dos apóstolos

Εὐαγγέλια Euangelia Ev.

Os três primeiros evangelhos do Novo Testamento — Mateus, Marcos, Lucas — são denominados sinópticos, do grego σύνοψις, 'visão de conjunto', porque, dada sua grande semelhança, podem ser dispostos em três colunas paralelas para uma visão de conjunto.

miniatura Codex sinaiticus

Essa terminologia foi empregada pela primeira vez em 1583 por Georg Siege, mas a semelhança entre eles já havia sido detectada muito antes por Eusébio de Cesareia (263/339). Os três evangelhos contam as mesmas histórias sobre a vida de Jesus Cristo, na mesma sequência e quase que com as mesmas palavras. Eis o plano geral:

  1. pregação de João Batista e batismo de Jesus;
  2. ministério de Jesus na Galileia;
  3. viagem de Jesus a Jerusalém;
  4. paixão, morte e ressurreição de Jesus.

O nome dos evangelistas se conservou através de tradição muito posterior à época da composição dos textos. Os autores são, na realidade, muito pouco conhecidos, pois não há informações fidedignas sobre eles. O evangelho de “Marcos”, escrito entre 65 e 70, é o mais antigo dos evangelhos sinópticos e fonte provável dos textos de “Mateus” e “Lucas”, escritos entre 70 e 90. “Mateus” e “Lucas” recorreram também, aparentemente, a uma outra fonte, hoje perdida, apelidada de “Q” pelos eruditos.

Segundo a tradição, “Lucas” era médico e foi companheiro e amigo de São Paulo; o grego do evangelho atribuído a ele é límpido e elegante, bem diferente dos demais. Atribui-se a “Lucas”, também, o livro de Atos dos Apóstolos, composto entre 80 e 90, que relata a propagação da fé cristã entre os pagãos e a expansão da Igreja através da atividade missionária de São Pedro e de São Paulo.

Até hoje há controvérsias sobre as fontes, autores, relações literárias e causas das semelhanças entre os evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas (o problema sinóptico).