Novo Testamento

Καινή Διαθήκη Novum Testamentum NT

De longe, a obra mais importante dos primórdios do Cristianismo é o Novo Testamento, coletânea de 27 livros sobre a vida e a obra de Jesus Cristo (-7/30) e dos primeiros apóstolos.

miniatura Cristo diante de Pôncio
Pilatos

Os textos podem ser classificados em didáticos (os 21 livros de Epístolas), históricos (os quatro Evangelhos e Atos dos Apóstolos) e profético (o Apocalipse).

A ordem tradicional dos livros no NT nada tem a ver com a cronologia: os mais antigos são os que contêm as cartas atribuídas a São Paulo (10-67), escritas entre 50 e 65, e o mais recente é o Apocalipse, datado de 90/95.

Os evangelhos relatam, basicamente, os fatos conhecidos da vida de Jesus Cristo (-7/30), conservados oralmente durante mais ou menos quarenta anos; não foram escritos diretamente por nenhum dos seus discípulos. O texto é complexo e contém diversos gêneros literários independentes: relatos de milagres, controvérsias (discussões) e parábolas de fundo doutrinário e moral, aparentadas às fábulas.

A tradição manuscrita

A tradição manuscrita do Novo Testamento é extremamente complexa, dada a enorme quantidade de manuscritos gregos que chegaram até nós: cerca de 5.700, entre completos e incompletos. As diferenças entre um manuscrito e outro são consideráveis e, de modo geral, não se pode dizer qual deles é o mais correto [Ilum. 1061].

Os manuscritos mais antigos, escritos entre os séculos II/VI, são tradicionalmente (mas não muito acuradamente) divididos em dois grupos: os de texto “bizantino”, mais recentes, e os de texto “alexandrino”, mais antigos. Há, ainda, numerosos papiros com passagens mais ou menos extensas do texto.

A editio princeps do texto grego foi publicada por Erasmo de Rotterdam em 1516. A publicação moderna dos livros bíblicos tem uma longa tradição, que remonta aos primeiros livros impressos; as edições de Lachmann (1793/1851), Tischendorf (1841/1872) e Tregelles (1857) estabeleceram as bases do texto moderno do NT mas dá-se preferência, atualmente, às edições críticas de Westcott & Hort (1885) e de Nestle-Aland (1979).

Traduções

Diversas partes do NT (e de outras partes da Bíblia) começaram a ser traduzidas para o latim clássico a partir do século II. Os manuscritos anteriores a AD 400, i.e., escritos nos séculos II e III, são coletivamente conhecidos por Vetus Latina.

Em 400, mais ou menos, o apologista Eusébio Sofrônio Jerônimo (347/420), mais conhecido por São Jerônimo, preparou uma versão latina de toda a Bíblia, conhecida por versio vulgata, ou ‘vulgata latina’. O Antigo Testamento foi traduzido diretamente do hebraico e o Novo Testamento, do grego. A mais antiga e completa versão desse monumental trabalho é o Codex Amiatinus, da Biblioteca Laurenciana de Florença, datado do século VIII. A vulgata foi adotada pela Igreja Católica para uso universal durante o Concílio de Trento (1545/1563).

O primeiro tradutor do Novo Testamento para o português foi João Ferreira de Almeida (1681), que faleceu deixando a obra inacabada; o término da tradução foi efetuado pelo pastor Jacobus Akker, de Batávia. A grande maioria das publicações atuais da Bíblia traz a tradução do Padre Antônio Pereira de Figueiredo (1753) a partir da vulgata latina.

A primeira edição a partir do texto grego original, com tradução de Mateus Hoepers, foi publicada em 1982. Em março de 2001 foi publicada a Bíblia NVI (Nova Versão Internacional), traduzida a partir das línguas originais por uma comissão de eruditos.