Xenofonte / Econômico 7.14-17 e 30

X. Oec. 7.14-7; 30 -390 / -371
tradução / grego antigo

O trecho a seguir, traduzido por Anna Lia Amaral de Almeida Prado, ilustra uma das concepções gregas do que vinha a ser o comportamento adequado e conveniente das mulheres livres. As mulheres gregas eram, na Antiguidade, votadas ao silêncio da reprodução materna e doméstica, na sombra da domesticidade (Duby e Perrot, 1993, p. 7).

ISCÔMACO (relatando)
A isso, Sócrates, minha mulher respondeu: Em que coisas, disse, eu poderia ajudar-te? De que seria eu capaz? A ti cabem todas as coisas; quanto a mim, minha função é ser ajuizada, minha mãe disse. Sim, por Zeus, mulher, eu disse, e meu pai também me disse (o mesmo). Cabe aos ajuizados, portanto, tanto ao homem como à mulher, manter as coisas que têm da melhor forma possível e acrescentar muitas outras coisas de forma boa e justa. Então tu sabes, disse minha mulher, o que eu poderia fazer para nosso patrimônio crescer? Sim, por Zeus, eu disse, as coisas que os deuses te fizeram capaz e o costume aprova, isso deves tentar fazer da melhor forma possível. Que coisas seriam, então? ela disse.
(...)
E o costume, eu disse, aprova as mesmas coisas, que homem e mulher formem um casal. E, como o deus os fez parceiros em relação aos filhos, o costume colocou-os como parceiros na casa. O costume, enfim, indicou como convenientes as coisas que o deus fez com com que cada um fosse mais capaz. Para a mulher é melhor ficar dentro da casa do que ao ar livre, e para o homem é mais vergonhoso ficar dentro do que se encarregar (das tarefas) externas.