Coleção hipocrática / Preceitos 4 e 8
Dadas as dificuldades do texto, selecionei duas passagens curtas e relativamente inteligíveis a respeito de dois dos assuntos mais interessantes mencionados pelo autor: os honorários médicos e as juntas médicas.
4. Aconselho que, dentre as considerações, seja também examinado isto, pois acrescenta alguma coisa ao todo: se começar a falar a respeito de honorários com quem está sofrendo, você dará a impressão de que, se não houver acordo, irá embora e o abandonará, ou que o negligenciará e não oferecerá algo para a situação presente. Não é preciso, portanto, cuidar da fixação dos honorários, pois consideramos sem utilidade tal preocupação para quem está atormentado, principalmente na doença aguda. Ela não estimula o bom médico a buscar o que é vantajoso: adquirir mais reputação. É melhor, portanto, censurar quem está salvo do que extorquir dinheiro dos que estão em perigo de morte.
8. (...) Não é inconveniente um médico, em dificuldade durante o atendimento de algum doente e inseguro devido à inexperiência, permitir a introdução de outros para investigar os problemas do doente através do diálogo, e se tornem colaboradores no sentido de uma assistência com mais recursos. No acompanhamento de uma condição em que o sofrimento está aumentando, pela perplexidade do momento, a maioria das coisas se desvia. Nessas ocasiões é, portanto, obrigatório ser resoluto. Eu jamais fixarei esse limite, para que a arte seja condenada quanto a isso. E eles nunca devem discutir ou recorrer a insultos, direi sob juramento, e nenhuma argumentação de um médico deveria despertar ciúmes de outro, pois seria demonstrar fraqueza. São certamente os vizinhos que, negociando na praça, fazem essas coisas sem dificuldade. Fica isso, portanto, compreendido sem equívoco, pois em todo caminho há dificuldade no caminho.