Conhecido por Lamento de Dânae, este é um dos mais extensos fragmentos de Simônides de Ceos.
Dânae e Perseu no mar
Não se sabe precisamente a qual tipo de canto ele pertence.
O poeta aborda o mito de Dânae: a desalentada jovem e o pequeno Perseu encontram-se dentro de uma arca à deriva, no mar.
A tradução*, já publicada, é de Rafael Brunhara (2017).
Lamento de Dânae
[Dânae], na dedálea arca
quando o vento soprava
e o mar revolto em pavor
a prostrava, não sem pranto no rosto
envolveu Perseu nos braços amáveis
e disse: “ah, filho, que aflição a minha!
Tu dormes, com inocente
peito ressonas
na triste barca de brônzeas cavilhas,
estendida na noite sem luz,
nas trevas escuras.
Da espuma do mar em teus cabelos,
profunda, quando passam
as ondas, tu não cuidas,
nem da voz do vento: repousando
em manto púrpura, é belo teu rosto.
Se o que é terrível te fosse terrível,
às minhas palavras
darias teus pequeninos ouvidos.
Dorme, meu bebê, te peço;
dorme, ó mar; dorme, ó mal imensurável!
Que surja de ti um sinal de mudança,
Zeus Pai, de tua vontade!
Mas se minha prece é insolente
ou sem justiça,
perdoa-me.”
(*) Tradução CC BY-NC 4.0