Para Helena (To Helen, no original), célebre poema de Edgar Allan Poe (1809/1849), é uma apóstrofe a Helena de Troia datada de 1831.
Edgar Allan Poe
Os versos 9-10, que mencionam a glória da Grécia e a grandeza de Roma, são
frequentemente citados. Há referências mitológicas sutis (ver Notas) e muita coisa, é claro, se perde
na tradução...
Mas os versos ilustram maravilhosamente a reverência que Poe,
dotado de mente a um tempo sensível, aguda e analítica, tinha pela cultura clássica.
Apresento aqui uma tradução bastante livre e o texto original.
Para Helena
Helena, tua beleza é para mim
Como aqueles vitoriosos[1] barcos de outrora
Que sobre o perfumado mar, gentilmente,
O saudoso, cansado, peregrino[2] levavam
Para a sua terra natal.
Representação neoclássica
de Helena, um pouco
posterior a Poe
Em mares desesperados por onde há muito erro,
Teu cabelo de jacinto, teu rosto clássico,
Teu ar de náiade[3] trouxeram-me para casa
Para a glória que foi a Grécia
E a grandeza que foi Roma.
Olha! Na longínqua e brilhante janela-nicho,
Como uma estátua, eu te vejo de pé,
A lâmpada de ágata em tua mão!
Ah, Psiquê[4], das regiões que
São Terra Sagrada!
To Helen
Helen, thy beauty is to me
Like those Nicean barks of yore,
That gently
o'er a perfumed sea,
The weary, wayworn wanderer bore
To his own native shore.
On desperate seas long wont to roam,
Thy hyacinth hair, thy classic face,
Thy naiad airs have brought me home
To the glory that was Greece
And the grandeur that was Rome.
Lo! in yon brilliant window-niche
How statue-like I see thee stand,
The agate lamp within thy hand!
Ah, Psyche, from the regions which
Are Holy Land!