Teofrasto / Das sensações 25-6

Theophr. Sens. 25-6 Sæc. -III
tradução / grego antigo

Estes fragmentos relatam algumas das teorias de Alcmeon de Crotona, filósofo-médico que viveu no início do século -V. A tradução, originalmente do grego para o inglês, é de James Longrigg; a versão portuguesa é de minha autoria.

Sensação e compreensão

25. (...) Alcmeon começa definindo a diferença entre homem e animais inferiores. O homem, diz ele, difere das outras criaturas porque somente ele tem compreensão, enquanto que elas têm sensações mas não compreensão; pensamento e sensação são diferentes e não, como sustenta Empédocles, o mesmo. Em seguida ele fala de cada sentido separadamente. A audição, segundo ele, ocorre através das orelhas, porque elas contêm um vazio que ressoa; o som é produzido na cavidade e o ar o ecoa. O olfato é realizado pelas narinas, através da respiração, quando o ar é puxado para o cérebro. Os sabores são discriminados pela língua; como ela é quente e macia, dissolve as substâncias com seu calor e, por sua estrutura porosa e delicada, recebe e transmite o sabor.

26. Os olhos vêem através da água que os cerca. Que o olho contém fogo é evidente, pois o fogo cintila quando é golpeado. A visão se deve ao elemento cintilante e transparente, quando ele devolve uma reflexão; quanto mais puro o elemento, mais o olho vê. Todos os sentidos estão ligados de alguma forma ao cérebro e consequentemente ficam incapacitados se ele é movido ou se desvia de sua posição, pois ficam obstruídas as passagens através das quais as sensações têm lugar. Quanto ao tato, ele não conta nem a maneira e nem o modo como funciona. (...)