Ió, Hermes e Argos
A cena representa o mito de Ió, a sacerdotiza de Hera que foi amada por Zeus. Ió, transformada em vaca, é vigiada pelo pastor Argos, à sua direita. Argos tem um terceiro olho perto do ombro esquerdo; notar, no registro superior, a decoração baseada em múltiplos olhos.
Na Fig. 0908a se vê outra parte da cena: Hermes, à esquerda, com o kerykeion nas mãos, se aproxima sorrateiramente de Ió, mas é notado pelo cão que ajuda Argos a vigiar Ió e o resto do rebanho.
Excurso: A domesticação dos animais
A despeito de evidências arqueológicas pontuais e discutíveis da domesticação de cães e de cavalos pelos
Os mais antigos indícios foram encontrados no Crescente Fértil e em áreas próximas, onde abundavam manadas de grandes mamíferos no início do Neolítico: carneiros em Zawi Chemi Shanidar, atual Iraque, 9.000 a.C; cabras em Jericó, atual Israel, e em Ali Kosh, atual Irã, 7.000 a.C; porcos em Sayönü, atual Turquia, 7.000 a.C.; bois em Satal Hüyük, atual Turquia, e em Argissa, Grécia, 6.500 a.C.
Por que alguns animais foram domesticados e outros não? Sabemos que animais domesticados têm várias características em comum, não encontradas nos animais selvagens, e sem dúvida o sucesso desse empreendimento humano reside no fato de nossos ancestrais terem aprendido a reconhecer e a selecionar essas características durante o processo de domesticação.
O resultado, em termos biológicos, é evidente pela mudança das características primitivas dos animais domesticados após milênios de sucessivos cruzamentos. Eis as mais notáveis: diminuição do tamanho do cérebro e do corpo, redução da ferocidade, desenvolvimento de tolerância à proximidade do homem, aumento da produção e da qualidade do leite.