Xenofonte / A educação de Ciro 2.2.9-12
Este é um dos mais curiosos trechos da Ciropédia. Durante um simpósio, o jovem Ciro se envolve com temas cômicos e sérios e os aplica na disciplina militar...
A passagem foi recentemente traduzida por Lúcia Sano
9. “Quando um homem que estava partindo para a Pérsia se dirigiu até mim e
pediu-me que eu lhe entregasse a carta que eu havia escrito para os meus parentes, eu
ordenei que o tenente corresse para
10. Nesse momento, como era natural, todos começaram a rir do cortejo militar da carta. E Ciro disse, “ó Zeus e todos os deuses, são esses então os homens que temos como companheiros; eles são tão facilmente vencidos pela gentileza que é possível fazer vários amigos apenas com um pouco de comida e alguns são tão obedientes que antes mesmo de saber qual é o comando já se adiantam a obedecer. Eu não sei que outros soldados eu deveria rezar para ter que não esses!”.
11. Assim Ciro riu e ao mesmo tempo elogiou os soldados. Na tenda, estava também outro capitão, de nome Agletadas, um homem de modos mais austeros, que falou algo assim, “mas acaso você supõe, Ciro, que eles estejam falando a verdade?”. “Mas com que objetivo eles estariam mentindo?”, Ciro respondeu. “Com que outro objetivo”, ele perguntou, “dizem esse tipo de coisa e agem como fanfarrões, senão para provocar o riso?”.
12. Ciro falou, “escolha melhor suas palavras e não diga que esses homens são fanfarrões! Pois, ao menos para mim, o termo fanfarrão é usado para aqueles que fingem ser mais ricos e mais corajosos do que são e que prometem fazer coisas de que não são capazes, agindo dessa forma claramente para ganhar alguma coisa ou obter algum lucro. Homens que procuram maneiras de fazer seus companheiros rirem, porém, sem lucrar com isso, sem que seja às custas dos ouvintes e sem causar mal a ninguém, não poderiam, de forma mais justa, ser chamados de engenhosos ou charmosos em vez de fanfarrões?”.
(*) Licença da tradução: