Xenofonte / A educação de Ciro
governar os homens não é tarefa nem impossível, nem difícil, se alguém se dedicar a isso com habilidade.
A obra descreve passagens da vida de Ciro, o Grande
A Ciropédia (ou Educação de Ciro, gr.
A obra não deve ser considerada biografia “não oficial” do rei, talvez nem mesmo uma biografia. O relato de Xenofonte, altamente ficcional e idealizado, está mais próximo do romance histórico, possivelmente o primeiro da literatura ocidental.
A natureza específica da obra, que aborda diversos temas, tem sido objeto de controvérsia há séculos. Segundo Gera (1993,
O texto tem linguagem elegante, relativamente simples, e é de leitura agradável, embora tedioso em algumas partes. Esse era o texto mais utilizado pelos iniciantes no estudo do grego antigo até há algumas décadas.
Resumo
O texto está dividido em 8 livros, distribuídos em aproximadamente 2 volumes da tradução de Miller (1914), que reproduz em 425 páginas o texto grego editado por Hug (1905) com algumas modificações.
Eis, por enquanto, a descrição de Miller para cada livro:
- A juventude de Ciro.
- A reorganização do exército.
- A conquista da Armênia e da Cítia.
- A captura do primeiro e do segundo campo dos assírios.
- Gobrias e Gadatas.
- Na véspera da grande batalha.
- A grande batalha.
- A organização do império.
Manuscritos, edições, traduções
Numerosos manuscritos de Xenofonte contêm a Ciropédia; o mais antigo é o Vaticanus gr. 1335 (Biblioteca do Vaticano, sæc. X). Eis alguns outros: Parisinus 1640 (Paris, Biblioteca Nacional, 1320); Marcianus gr. 511 (Veneza, Biblioteca de São Marcos,
Há vários papiros com trechos da obra; dois são do século II (P. Hawara 15, P. Rainer M. VI), mas a maioria é do século III: P. Oxy.
A editio princeps do texto grego é a Giuntina (Florença, 1516 e 21527). Principais edições modernas: Hug (Leipzig, 1883 e reed.1905); Marchant (Oxford, 1910); Gemoll (Leipzig, 1912 e corr.1967); Byzos (Paris,
Passagens selecionadas
Traduções do grego para o português: de Diogo de Teive (sæc. XVI) e de Joaquim de Foyos ou Fóios (1814), ambas inéditas (Prieto 2001,
Recepção
A Ciropédia desfrutou de grande consideração na Antiguidade (e.g. Cipião, o Africano e Cícero, entre outros) e, posteriormente, do século XV em diante, na Itália e na França. Na França, seus mais notórios admiradores eram Montaigne (Ensaios, sæc. XVI) e Fénelon (Telêmaco, 1699).
A influência mais marcante se vê, porém, em três tratados políticos italianos intitulados, talvez não coincidentemente, O Príncipe: o de Giovanni Pontano (1468), o de Bartolomeo Sacchi (1471) e o de Niccolò Machiavelli (1532), este certamente o mais conhecido.