A doutrina básica e original do epicurismo é a busca da felicidade e do prazer, mas da felicidade e do prazer que resultam de
se viver honoravelmente, com sabedoria e justiça, livres da dor, da ansiedade e de prazeres mundanos.
De rerum natura
A corrente filosófica epicurista deve o nome ao seu iniciador, o filósofo Epicuro (-341/-270).
O “Jardim de Epicuro”, que posteriormente se tornaria um símbolo do epicurismo, era uma propriedade que o filósofo adquiriu por volta de
-307 em Atenas. Nesse local o filósofo ensinava suas doutrinas e ali viveu com os discípulos em tranquilo em rigoroso
isolamento, com austeridade, até sua morte, No “Jardim”, todos viviam segregados da vida normal da pólis e consta que escravos e mulheres eram também admitidos.
Nos séculos seguintes e em especial no Período Greco-romano depois do advento do Cristianismo, a doutrina epicurista foi muito difamada e diversas
ideias de Epicuro foram distorcidas e rebaixadas a níveis eminentemente materialistas. A própria palavra “epicurismo” acabou se confundindo com
“hedonismo”, doutrina iniciada por Aristipo de Cirene (c. -435/-356), da escola cirenaica de filosofia, que defendia
o prazer individual e imediato como o único bem possível.
Pode-se considerar, em certa medida, o epicurismo como uma
forma superior de hedonismo ético, e ele certamente nada tem a ver com a conotação sensualista que o termo adquiriu nos últimos dois ou três séculos.
Os mais importantes epicuristas foram Hermarco de Mitilene (c. 325/250), sucessor e herdeiro de Epicuro,
Metrodoro de Lâmpsaco (331/–278), Colotes de Lâmpsaco (c. -320/-268) e Polieno de Lâmpsaco (c. -340/-285). Ao poeta romano Lucrécio (c. -99/55) e à sua monumental e didática obra, De Rerum Natura — ‘Da Natureza das Coisas’ —, devemos praticamente tudo o que sabemos
em nosssos dias sobre Epicuro e seus seguidores.
Outro epicurista célebre foi o poeta Horácio (-65/-8), que sintetizou sua interpretação da
doutrina epicurista em apenas duas palavras, carpe diem (ver epígrafe).