Antífanes / Fragmento 191

Antiph. Fr. 191 -404 / -330
tradução / grego antigo

Nessa passagem da comédia perdida Poiese, o poeta Antífanes (-404/-330) satiriza as dificuldades do poeta cômico na criação de suas obras, em comparação com o poeta trágico.

A tradução é de Adriane da Silva Duarte (2005), que gentilmente autorizou sua reprodução no Portal.

Arte afortunada é a tragédia
... arte afortunada é a tragédia frente às outras todas! Primeiramente o enredo é conhecido pelos espectadores antes mesmo de se dizer qualquer coisa, de modo que só é necessário ao poeta relembrar. Apenas eu diga Édipo, já tudo o mais sabem: o pai é Laio; a mãe, Jocasta; quem são as filhas e filhos; o que sofrerá e o que fez. Por sua vez pronuncie alguém Alcmeôn e as criancinhas já acabaram de contar tudo, que enlouquecido ele matou a mãe, que Adrasto, irritado, num instante entrará em cena, tornará a sair e novamente entrará. E, quando não puderem dizer mais nada e interromperem completamente a ação, [os tragediógrafos] erguem, como que com o dedo mindinho, o deus ex-machina e os espectadores ficam satisfeitos. Nós [comediográfos] não temos esses recursos, mas tudo é preciso inventar: personagens (nomes) novos, acontecimentos, novos enredos, circunstâncias passadas e presentes, a reviravolta e a introdução. Caso omita uma dessas partes um Cremes ou um Fedo, ele é expulso pelas vaias. Mas fazer isso é permitido a Peleu ou Teucro.