Uma apaixonada apologia do trabalho duro, segundo Hesíodo... A tradução é de Mary
C.N. Lafer (1990, p. 45).
A ti boas coisas falarei, ó Perses, grande tolo!
Adquirir a miséria, mesmo que seja em abundância
é fácil; plana é a rota e perto ela reside.
Mas diante da excelência, suor puseram os deuses
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imortais, longa e íngreme é a via até ela,
áspera de início, mas depois que atinges o topo
fácil desde então é, embora difícil seja.
Homem excelente é quem por si mesmo tudo pensa,
refletindo o que então e até o fim seja melhor;
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e é bom também quem ao bom conselheiro obedece;
mas quem pensa por si nem houve o outro
é atingido no ânimo; este, pois, é homem inútil.
Mas tu, lembrando sempre do nosso conselho,
trabalha, ó Perses, divina progênie, para que a fome
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te deteste e te queira bem a coroada e veneranda
Deméter, enchendo-te de alimentos o celeiro;
pois a fome é sempre do ocioso companheira;
deuses e homens se irritam com quem ocioso
vive; na índole se parece aos zangões sem dardo,
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que o esforço das abelhas, ociosamente, destroem,
comendo-o; que te seja caro prudentes obras ordenar,
para que teus celeiros se encham do sustento sazonal.
Por trabalhos os homens são ricos em rebanhos e recursos
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e, trabalhando, muito mais caros serão aos imortais.
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O trabalho, desonra nenhuma, o ócio desonra é!