O deus egípcio Tehuti (Thoth), cujo nome significa ‘aquele que
pondera’, tem cabeça de íbis (Threskiornis aethiopicus) e carrega
acessórios para a escrita. Sua figura faz parte de cena maior (Ilum. 0133a, infra),
conhecida por “pesagem da alma”, típica do Livro dos Mortos (Reu nu pert em hru) dos antigos egípcios.
O Livro dos Mortos era uma compilação de orações e encantamentos que garantiriam a
entrada do falecido no além, onde teria existência pós-morte
aprazível e ficaria protegido do mal. O rolo de papiro com o Livro era colocado na
tumba do morto, em geral dentro do caixão (para que ele o tivesse à mão quando chegasse
a hora). O papiro do exemplar acima data da 19ª Dinastia.
Nos primeiros milênios da história egípcia, Thot era uma das divindades que, ao lado de
Ma'at, personificação da verdade, da justiça e valores correlatos, mantinha
o universo em pleno funcionamente. Em épocas tardias, foi associado ao arbitramento de
disputas entre deuses, à mágica, à escrita e às ciências, além do julgamento dos mortos. Na cena acima,
Thot se prepara para registrar o resultado da pesagem da alma de Hunefer.
Os gregos relacionavam Thot com o deus Hermes.
Etapa cultural: Idade do Bronze.