Arquimedes / Dos corpos flutuantes
O tratado Dos corpos flutuantes (gr.
A proposta de Arquimedes era, aparentemente, estudar as posições que os sólidos assumem ao flutuar em um líquido. No primeiro livro são apresentados os princípios gerais que regem o equilíbrio dos fluidos e, no segundo, os cálculos das posições de equilíbrio de seções de paraboloides, possivelmente idealizações do casco dos navios.
Resumo
O tratado, tradicionalmente dividido em dois livros, ocupa 94 páginas da edição de Heiberg (1913) e tem vários esquemas explicativos.
- Postulado 1, proposições
1-7.
Postulado 2, proposições8-9. - Proposições
1-10.
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O princípio de Arquimedes
Em nossos dias ele usualmente tem o seguinte enunciado:
Daí os corpos mais “pesados” (mais densos) do que a água imergem, enquanto os menos “pesados” (menos densos) flutuam.
Essa força, denominada empuxo (E), ocorre de baixo para cima e é a resultante das forças exercidas em toda a superfície do corpo pelo fluido que o envolve (Fig. 0012).
Os diversos componentes desse princípio são discutidos e demonstrados em várias proposições do primeiro livro.
Eureca, eureca!
Como todo bom cientista, Arquimedes deve ter passado incontáveis dias e noites observando, raciocinando e pensando para chegar às conclusões e consequências do “princípio” que recebeu o seu nome. O que restou na imaginação e na memória de todos é, no entanto, a tola e improvável anedota contada por Vitrúvio no livro IX de seu Da Arquitetura
Ele conta (9, praef.
Em Siracusa, Hieron II
Segundo Netz e Noel (2009, p. 54), “ele pode ter derramado água, ele pode ter corrido pelado, mas com certeza não gritou Eureka a partir de uma observação tão trivial como ‘coisas maiores derramam mais água’. A dedução presente em Dos corpos flutuantes é muito mais sutil e sofisticada”.
Para Heath (1897,
Manuscritos, edições e traduções
O texto grego integral, disponível somente no “Palimpsesto de Arquimedes”, do século X, ainda está em sendo decifrado, editado e não foi traduzido. Dispomos, por enquanto, apenas de uma boa tradução latina de 1269, efetuada pelo monge dominicano Willem van Moerbeke
As mais conhecidas e divulgadas traduções em língua moderna são a de Heath (Cambridge, 1897) e a de Charles Mugler (Budé, 1971), baseadas na edição de Heiberg.
O livro I tem tradução portuguesa: Assis (1996).
Recepção
Um anônimo autor do século IV enunciou os princípios hidrostáticos por trás da anedota de Vitrúvio nos vv.
Repetida da Antiguidade em diante por vários autores, a historinha de Vitrúvio teve enorme penetração no imaginário popular. Recente livro de Sherman Stein sobre Arquimedes (The Mathematical Association of America, 1999), dirigido a professores de matemática, foi sugestivamente intitulado Archimedes, What Did He Do Besides Cry Eureka?: ‘Arquimedes, O que ele fez além de gritar Eureka?’.
A interjeição “eureka” (pt. eureca) se tornou, em nossos dias, sinônimo de descobertas súbitas e entusiasmantes. O matemático e físico Carl Friedrich Gauss (1777-1855) anotou-a em seu diário, ao fazer uma descoberta; o estado da Califórnia (EUA)