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Os espartanos nas Termópilas

texto especial
Breve relato da famosa Batalha das Termópilas, baseado no texto do historiador Heródoto (Hdt. 7.198-228). Data aproximada do texto: -450/-430.

Em -480, um poderoso exército persa, com o rei Xerxes à frente, entrou na Grécia pelo norte e chegou até a Fócida, no extremo oeste da Grécia Central.

Sua intenção era conquistar todo o território grego, porém Atenas, Esparta e algumas outras póleis decidiram enfrentar o invasor.

Termópilas
Fig. 0170. Localização.

Outras póleis acharam, no entanto, que resistir era inútil e submeteram-se aos persas.

E Leônidas, um dos dois reis espartanos, decidiu enfrentá-los. Posicionou uma força de aproximadamente 4.000 homens nas Termópilas, estreito desfiladeiro próximo ao mar, entre a Tessália e a Grécia Central (Fig. 0170), e bloqueou a passagem dos invasores.

O exército persa era muito, muito numeroso (Heródoto refere mais de dois milhões e seiscentos mil homens, quantidade duvidosa). Enquanto as póleis aliadas eram avisadas por mensageiros, os homens de Leônidas permaneceram ali, contendo os persas e ganhando tempo.

O rei persa, Xerxes, ordenou que o desfiladeiro fosse tomado. Os sucessivos ataques foram mal sucedidos, pois os gregos manobravam com habilidade e lutavam ferozmente; o espaço exíguo atrapalhava o numeroso exército persa. Mas um traidor revelou aos persas um atalho que dava acesso ao interior do desfiladeiro e, quando eles começaram a atacar por ali, os defensores viram-se praticamente cercados e sem saída.

miniaturaHoplita com elmo

Leônidas decidiu, então, resistir até o fim, juntamente com sua guarda de elite, os “300”. Esses homens eram os melhores que Esparta produzira, e todos já haviam assegurado sua descendência. O rei mandou os demais gregos embora, para se juntarem às forças que estavam se formando para resistir ao invasor. Os téspios e tebanos, porém, cerca de 1.000 homens, decidiram ficar ao lado dos espartanos.

A lenda conservada por Heródoto conta que, ao ver tão pequena oposição, Xerxes mandou a Leônidas uma breve mensagem: ‘Rende-te, e entrega tuas armas’. Recebeu uma resposta igualmente breve, lacônica, tipicamente espartana: ‘Vem buscá-las’.

Outra anedota conta que quando um soldado não espartano comentou que os persas eram tão numerosos que suas flechas encobriam o sol, Dieneces, um dos “300”, replicou: ‘Melhor, combateremos à sombra!’. Diz-se, também, que a última ordem-do-dia de Leônidas foi simples e lacônica: ‘Almoço aqui; jantar, no Hades’. Ou seja, todos iriam lutar até a morte...

Para se ter uma ideia da lendária combatividade dos homens de Esparta, basta o seguinte: sempre que se despediam de suas mães, antes de partir para o combate, os soldados espartanos ouviam dessas doces senhoras a amorosa frase: “Meu filho, volta com teu escudo, ou em cima dele” (isto é, morto...).

Os persas atacaram em massa e, é claro, tomaram o desfiladeiro e mataram todos os espartanos, téspios e tebanos. Mas, graças à heroica resistência desses homens, os outros gregos tiveram tempo de se organizar e, no ano seguinte, os persas foram definitivamente derrotados.

O embate final entre gregos e persas, em terra, ocorreu em 27 de agosto de -479, em Plateia, a sudeste de Tebas (Beócia). O exército grego, formado pela coalização de várias póleis, derrotou o enorme exército persa. Pausânias, o regente espartano, comandou as forças gregas.

Segundo Heródoto, um epigrama atribuído ao poeta Simônides de Ceos (-557/-468) foi colocado em um monumento, erguido nas Termópilas em homenagem ao rei Leônidas e aos soldados liderados por ele (AP 7.249):

Ὦ ξεῖν', ἄγγειλον Λακεδαιμονίοις ὅτι τῆιδε
κείμεθα, τοῖς κείνων ῥήμασι πειθόμενοι.
Estrangeiro, avisa os lacedemônios que aqui
estamos, em obediência às suas leis...