Herondas / Mimo 5.1-19
O trecho aqui apresentado é o início do mimo V, intitulado A Ciumenta, que tem um total de 85 versos.
A tradução em prosa foi efetuada por Maria Celeste C. Dezotti, professora de língua e literatura grega da FCLAr-UNESP, que gentilmente autorizou a reprodução de parte de artigo publicado em 1993.
BITINA
Dize-me, Pançudo, essa coisa aí está tão saturada que não mais te satisfaz o mexer de minhas coxas, e ficas dando em cima de Anfiteia, a filha de Mênon?
PANÇUDO
Eu? de Anfiteia? Dizes que tenho visto essa mulher? Todo dia arranjas pretextos,
Bitina. Sou um escravo, usa-me como quiseres, mas não sugues meu sangue noite e dia!
Bi.
E tens uma língua bem comprida, hein! Cidila, onde anda o Pírrias? Vá chamá-lo .
PÍRRIAS
O que é?
Bi.
Desata a corda — mas ainda estás parado? — do balde do poço e amarra esse aí. (a Pançudo) E se, com este castigo, eu não te tornar um exemplo para todo mundo, não mais me consideres mulher. E para um escravo ainda é pouco! Eu sou a causa disso, eu, Pançudo, que te tomei por ser humano. Mas se então eu errei, saberás ainda hoje que Bitina não é imbecil, como pensas! (a Pírrias) Vamos, tu mesmo, despe-lhe a camisa e amarra-o .
Pa.
(como suplicante) Não, não, Bitina, eu banho de lágrimas teus joelhos! (...)