Constelação Órion a olho nu
Constelação Órion a olho nu

Constelação Órion a olho nu

2003
Fotografia do céu noturno

Diversas constelações ou, como se diz na moderna Astronomia, diversas regiões do céu com seus agrupamentos de estrelas podem ser vistas no céu límpido, à noite. A Constelação do Caçador, ou Orion (lat.; gr. Ὠρίων), é particularmente visível no início do verão, na direção do nascente, em torno das 19 horas (hemisfério sul) e nas noites de inverno do hemisfério norte. Veja Orion em uma representação artística (Fig. i1045a) e em um mapa esquemático di céu (Fig. i1045b).

As mais antigas referências a Orion estão nos Textos das Pirâmides, gravados na parede interna de túmulos da 5ª e 6ª Dinastias (c. -2400/-2300). A constelação era associada pelos antigos egípcios ao Faraó Unas (5ª Dinastia, -2375/–2345) e ao deus Osíris, o deus-sol egípcio do renascimento e da vida após a morte. No catálogo de estrelas compilado no século -XII pelos astrônomos babilônicos, conhecido por MULAPIN, a constelação é chamada de MULSIPA.ZI.AN.NA, ‘Leal Pastor do Céu’ ou ‘Fiel Pastor de Anu’[1].

O nome babilônico da constelação é aparentado certamente ao seu nome grego (pastor / caçador), inspirado no gigantesco caçador Órion, personagem da mitologia grega. Não é impossível, consequentemente, que o mito grego tenha se inspirado em histórias ouvidas na Ásia Ocidental durante a Idade das Trevas. A julgar por uma passagem dos poemas homéricos, os navegantes gregos eram capazes de reconhecer várias constelações desde o início do Período Arcaico, pelo menos, e usá-las como referência (Od. 5.271-7):

(...) οὐδέ οἱ ὕπνος ἐπὶ βλεφάροισιν ἔπιπτε
Πληϊάδας τ' ἐσορῶντι καὶ ὀψὲ δύοντα Βοώτην
Ἄρκτον θ', ἣν καὶ ἄμαξαν ἐπίκλησιν καλέουσιν,
ἥ τ' αὐτοῦ στρέφεται καί τ' Ὠρίωνα δοκεύει,
οἴη δ' ἄμμορός ἐστι λοετρῶν Ὠκεανοῖο·
τὴν γὰρ δή μιν ἄνωγε Καλυψώ, δῖα θεάων,
ποντοπορευέμεναι ἐπ' ἀριστερὰ χειρὸς ἔχοντα.
(...) e nem o sono caiu sobre suas pálpebras,
ao contemplar as Plêiades e o Boieiro que ao entardecer desce,
e a Ursa, a que também chamam de 'carruagem',
que gira sobre si mesma, vigia Órion
e é a única que não se banha em Oceano.
Conforme conselho de Calipso, divina entre as deusas,
manteve-a à sua esquerda ao atravessar o mar.

As estrelas δ, ε e ζ Orionis (árabe Mintaka, Alnilan e Alnitak), que ficam mais ou menos no meio do grupamento estelar e formam o “cinturão” do Caçador, são popularmente conhecidas no Brasil por “Três Marias”.

registro nº1045
imagemT. Credner & S. Kohle
1045a  Cortesia da United States Naval Observatory Library1045b  Torsten Bronger, 02/11/2004 (mod.)