Eurípides / Fenícias 59-80

E. Ph. 59-80 -411 / -407
tradução / grego antigo

Breve passagem do prólogo da tragédia Fenícias, de Eurípides.

Nesta passagem, declamada em trímetros iâmbicos por Jocasta, Eurípides dá alguns detalhes do mito de Édipo e seus filhos.

A tradução é de Evandro Salvador (2011, p. 48-9).

JOCASTA  Mas quando soube que desfrutava do leito da mãe, 60  Édipo, o que suportara tantos sofrimentos,  arroja contra seus próprios olhos um instrumento terrível,  sangrando suas pupilas com um broche feito de ouro.  E quando a bochecha dos filhos cobriu-se de barba,  eles trancafiaram o pai para que a Fortuna se tornasse esquecida 65  das atrocidades, embora ela necessitasse de muitos engenhos para isso.  E ele está vivo no palácio. Por conta do que lhe ocorrera, demente,  proferiu contra seus filhos a mais ímpia maldição:  a de partilharem esta casa através da lâmina cortante.  E os dois, sucumbindo ante o temor de que os deuses a seu termo 70  conduzissem a maldição enquanto vivessem sob o mesmo teto,  dispuseram, em comum acordo, que Polinices, o mais jovem,  deixasse primeiro e espontaneamente esta terra,  enquanto Etéocles empunharia o cetro de Tebas,  em regime alternado a cada ano. Mas quando estava sobre o assento 75  do governo, Etéocles não cede o trono  e, em exílio, expulsa Polinices deste solo.  Então para Argos ele se foi, teceu uma aliança com Adrasto  e reuniu muitos guerreiros argivos sob seu comando.  Após essas coisas e chegando diante das muralhas de sete portas, 80  Polinices reclama o cetro e uma parte da terra.