Ps.-Higino / Histórias 274.10-13

Hyg. Fab. 274.10-13sæc. ii
tradução / latim

A história da fictícia médica grega Agnodice é parte de um dos catálogos do Pseudo-Higino, “quem inventou o quê”.

Quem inventou o quê

10. Os antigos não tinham parteiras e, por causa disso, mulheres com pudor pereciam, pois os atenienses não permitiam que servos e mulheres aprendessem a arte da medicina. Uma certa 〈H〉agnodice, jovem não casada, muito queria aprender medicina e, como queria muito, de cabelo cortado e com vestes masculinas se tornou discípula de um certo Herófilo[1].

11. Depois de aprender a arte, ao ouvir que alguma mulher tinha problemas nas partes baixas, ia até ela e, se (a mulher) não queria confiar, pensando que ela era homem, levantava a túnica[2] e mostrava que era mulher. Dessa forma ela conseguia cuidar delas.

12. Quando os médicos viram que as mulheres não os chamavam, começaram a acusar 〈H〉agnodice de ser um efeminado que seduzia essas mulheres, e que elas fingiam a indisposição.

13. Os membros do Aerópago se reuniram e inicialmente condenaram 〈H〉agnodice, mas ela levantou a túnica e mostrou que era mulher. Então os médicos começaram a acusá-la com mais veemência, mas as mulheres dos cidadãos mais eminentes vieram ao julgamento e disseram: Vocês não são maridos e sim inimigos, pois condenam aquela que achou meios de cuidar de nossa saúde. Os atenienses mudaram então a lei para que mulheres livres aprendessem a arte da medicina.