Baquílides / ditirambo 18

B. 18.1-30 -460 / -444
tradução / grego antigo

A Ode 18 é um ditirambo, "notável por sua diferença em relação ao que nos sobrou tanto deste poeta quanto de Píndaro, sobretudo por dois motivos: em primeiro lugar, é um ditirambo inteiramente dialogado, sem intervenção narrativa externa, o que o aproxima bastante da tragédia; em segundo lugar, a construção é feita em quatro estrofes, e não em tríades, alternadas entre os dois falantes, o coro e Egeu" (Flores, 2006).

Segundo Maehler (2004), este não é um ditirambo arcaico que antecedeu e influenciou a tragédia ática; o mais provável, aqui, é que a tragédia clássica da primeira metade do século -V tenha influenciado o formato do ditirambo de Baquílides.

O tema é a chegada de Teseu a Atenas, depois de acabar com os malfeitores em seu caminho. Eis os primeiros trinta versos do poema, na tradução de Flores (2006):

TESEU, PARA OS ATENIENSES
CORO
Ó soberano de Atenas sagrada,
ó rei do luxuoso povo da Jônia,
por que num bélico canto soou
há pouco a trombeta toda de bronze?
5
Acaso algum inimigo da nossa
cidade à fronteira aportou?
Seria um comandante?
Ou ladrões, planejando o mal,
que atacaram as nossas ovelhas
10
enquanto os pastores choram?
O que rasga esse teu coração?
Fala-me; pois penso que, se algum mortal
é capaz de dispor dum auxílio
de valorosos jovens,
15
é o filho de Creúsa e Pândio: só tu.

EGEU
Chegou há pouco um arauto cruzando
um longo caminho a pé desde o Istmo;
conta inefáveis façanhas dum forte
varão; que acabou com toda a soberba
20
de Sínis, cujo poder é o maior
dos mortais, que é filho do sísmico,
do Cronida Liteu;
que também derrotou a porca
homicida entre as várzeas de Crêmion,
25
bem como o perverso Círon;
a palestra de Cércion ao fim
levou, e Procoptas larga seu martelo
dado por Polipêmon, depois
de conhecer tão forte
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varão. Tenho pavor do risco do fim.