mitologia590 palavras

Antonino Liberal / Metamorfoses

Ἀντωνῖνος Λιβερᾶλις Antoninus Liberalis Mythographus Ant. Lib. séc. II/III

Mitógrafo greco-romano que, a despeito do nome latino, escreveu em grego.

Antonino Liberal provavelmente viveu entre a segunda metade do século II e o início do século III. Nada mais sabemos a seu respeito.

Ele é, com certeza, o autor de uma coletânea de breves histórias mitológicas intitulada “Coletânea de metamorfoses” (gr. Μεταμορφώσεων Συναγωγή), uma vez que seu nome está associado ao título da obra no manuscrito (folio 189r, infra).

Textos

Coletânea de Metamorfoses é uma compilação em prosa de 41 mitos pouco conhecidos, caracterizados por transformações em aves[1], insetos e outros animais, vegetais, rochedos (ou pedras), fontes de água e estrelas, entre outras. As transformações são efetuadas por Zeus e diversas outras divindades.

Praticamente todas as histórias com mitos conhecidos desde os Períodos Arcaico e Clássico, e.g. o de Meleagro (nº 2) e o de Ifigênia (nº 27), contêm variantes. Outras, e.g. o de Hiérax (nº 3) e o de Egípio (nº 5), só conhecemos através do texto da Coletânea.

Os relatos têm, em geral, estrutura tripartida: após uma apresentação sumária dos personagens, com ênfase na sua filiação e na situação geográfica da história, vem a narrativa propriamente dita, na qual muitas vezes as divindades interagem com os mortais. A conclusão sempre envolve uma ou mais metamorfoses e raramente tem final feliz.

miniaturaHilas e as ninfas (mito nº 26)

Além da metamorfose, outros topoi relativamente frequentes são os rituais de casamento, as ocorrências fantásticas e os monstros. As histórias têm inegáveis aspectos folclóricos, de teor moralizante (Pereira 2017, p. 58).

O estilo de Antonino é simples, seco, despretensioso e um tanto sombrio. As descrições são breves, compactas e contêm apenas os elementos essenciais do mito. O autor pode ter se baseado em textos igualmente compactos, talvez resumos das obras consultadas.

Não sabemos qual era a finalidade da coletânea, aparentemente destinada a consultas e leituras rápidas.

Fontes

Todos os mitos, com exceção de três (6º, 40º e 41º), trazem a citação da fonte[2]; há histórias com mais de uma fonte. Os eruditos ainda discutem se as citações são obra do próprio Antonino ou meras notas de um escoliasta posterior. Alguns dos autores mencionados são conhecidas somente por sua utilização em Metamorfoses.

Os principais autores mencionados, Nicandro de Colofon (Metamorfoses) e o quase desconhecido Beos[3]; outros, e.g. Apolônio de Rodes e Corina, são citados apenas uma vez. Com exceção de Ferécides de Atenas (fl. c. -456), todos são do Período Helenístico e Greco-romano.

Muitas fontes se perderam e alguns autores são totalmente desconhecidos.

Manuscritos, edições, traduções

Dispomos de um único manuscrito: o Palatinus Heidelbergensis graecus 398, da segunda metade do século IX, conservado na Bibliotheca Palatina de Heidelberg. A coletânea está entre os folios 189r e 208v e o texto é precedido de dois índices, o segundo deles incompleto.

A editio princeps é a de Guilielmus Xylander (Basileia, 1568). Três folios do manuscrito desapareceram após a edição de Xylander e, consequentemente, a editio princeps é essencial para essa parte de Metamorfoses.

Edição padrão: Papathomopoulos (Paris,1968). A única tradução para o português é a de Reina Marisol Troca Pereira (Coimbra, 2017).