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Biografia
Nasceu em Atenas, por volta de
Depois da morte do pai, ele e seu irmão Polemarco
Em -403, os dois irmãos foram presos pelos Trinta Tiranos e todos os seus bens, confiscados (Lys.
A única oração que Lísias pôde apresentar pessoalmente aos juízes, antes de perder a cidadania, foi o discurso Contra Eratóstenes (Lys. 12), um dos Trinta Tiranos, que ele acusou da morte de Polemarco. Não sabemos o resultado do julgamento, mas é provável que Lísias não tenha conseguido uma condenação.
Fontes
Lys. 12, Pl. R.
Obras sobreviventes
Sabemos que 425 discursos circulavam com seu nome na época do
Predominam, no corpus atualmente conhecido, os discursos preparados para os tribunais atenienses, tanto em causas públicas como em causas de natureza privada. Eis uma lista das orações consideradas autênticas (as marcadas com * não são, quase certamente, de Lísias):
- Epidíticos
- Oração olímpica, Oração fúnebre*
- Deliberativos
- Contra a subversão da Constituição Ancestral
- Judiciários / causa pública
- Sobre um ferimento premeditado, Por Cálias, Contra Andócides*, Defesa sobre a oliveira, Pelo soldado*, Contra Eratóstenes, Contra Agorato, Contra Alcibíades (1 e 2), Da defesa de Mantiteu, Da propriedade do irmão de Nícias (peroração), Da propriedade de Aristofenes, Por Polístrato*, Defesa contra a acusação de proprinas, Contra os mercadores de cereais, Da recusa de uma pensão (ou Em defesa do inválido), Defesa da acusação de subversão da democracia, Sobre o escrutínio de Evandro, Contra epicrates e companheiros, Contra Ergocles, Contra Filocrates, Contra Nicômaco, Contra Filon
- Judiciários / causa privada
- Contra Teomnesto 1 e 2, Da propriedade de Eraton, Contra Pancleon, Contra Diogiton
- Judiciários / ambas as causas
- Do assassinato de Eratóstenes, Contra Simon
- Outros
- Acusação de calúnia*
Platão reproduz um discurso de Lísias sobre o amor no diálogo Fedro
Características
O texto de Lísias evidencia grande destreza narrativa, aliada à pureza do estilo, à simplicidade e ao uso da linguagem cotidiana; a falta de adornos retóricos, no entanto, não implica em coloquialismo ou em artificialismo. Sua capacidade de retratar favoravelmente ou desfavoralvelmente os personagens envolvidos na causa (gr.
Os estudiosos modernos têm levantado uma série de questões sobre a obra de Lísias, em especial sobre a autoria dos discursos. Dover (1968), por exemplo, levantou grande polêmica ao sugerir que os clientes de Lísias participaram de forma extensiva da criação e da publicação dos textos; essa interpretação, no entanto, é contestada por muitos outros eruditos.
É provável que o relacionamento entre Lísias e clientes tenha sido muito semelhante ao dos advogados modernos e seus clientes: o cliente apresenta o problema, conta sua história e o advogado prepara e apresenta a necessária argumentação legal diante dos juízes. A diferença mais significativa seria, apenas, o fato de acusadores e acusados precisarem apresentar pessoalmente, nos tribunais atenienses, seus discursos. Em relação à publicação e disseminação dos discursos, lembremos que não havia, na Antiguidade, o conceito de "direitos autorais".
Referências e comentários de Lísias aos eventos históricos contemporâneos fazem dele, igualmente, importante fonte da história de Atenas.
Manuscritos e edições
Os dois mais manuscritos mais importantes são o Palatinus 88 (sæc. XII), de Heidelberg, o Laurentianus plut. 57.4 (sæc. XV), da Biblioteca Laurenciana de Florença, os Marcianus 422 e 416 (sæc. XV e sæc. XIII, respectivamente), da Biblioteca de São Marcos em Veneza, e o Parisinus 249 (sæc. XII), da Biblioteca Nacional de Paris. Dioniso de Halicarnasso conservou alguns fragmentos de discursos (Lys. passim), outros foram recuperados em numerosos papiros.
A editio princeps foi publicada em Veneza por Aldus Manutius em 1513. Edições antigas mais importantes: Stephanus (Genebra, 1575), Reiske (Leipzig, 1772), Bekker (Berlim e Oxford, 1823), Baiter e Sauppe (Zurique,
A mais antiga edição dos fragmentos é a de Taylor (Londres, 1739); atualmente,
Notas
- Logógrafos (gr.
λογογράφοι ) eram escritores profissionais de discursos a serem apresentados diante da Assembleia, durante o Período Clássico; além do texto em si, muitas vezes forneciam também aconselhamento legal a seus clientes. Esses remotos ancestrais dos advogados nada têm a ver com os antigos cronistas e memorialistas que precederam os historiadores Heródoto e Tucídides e que são igualmente chamados de “logógrafos”. - Meteco (gr.
μέτοικος ) é a denominação dada a estrangeiros que podiam viver em outra pólis, desde que um cidadão se tornasse seu patrono (gr.προστάτης ). O estatuto legal dos metecos era inferior ao dos cidadãos, embora fossem sujeitos ao pagamento de uma taxa especial (o metoikion) e a outras obrigações cívicas, como por exemplo a liturgia (patrocínio de atividades públicas não custeadas pelo Estado). Em Atenas, os metecos participavam ativamente do comércio, podiam servir no exército ou na marinha, mas não podiam falar na Assembleia, nem se casar com cidadãos, nem adquirir propriedades sem permissão especial.Graham Speake (ed.), Penguin Dictionary of Ancient History (London, Penguin, 1995), s.v. ‘Metics’.