Aristófanes / Acarnenses

Ἀχαρνεῖς Acharnenses Ar. Ach. -425
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EurípidesEurípides

Acarnenses (gr. Ἀχαρνεῖς ) é a terceira comédia de Aristófanes que conhecemos, a mais antiga que chegou até nós na íntegra e é, portanto, a mais antiga comédia da literatura grega.

Apresentada pela primeira vez em -425, nas Leneias de Atenas, sob o nome de Calístrato, Acarnenses obteve o primeiro prêmio no concurso de comédias, derrotando Cratino e Êupolis, dois importantes poetas cômicos da Comédia Antiga.

Argumento

O camponês Diceópolis, farto das privações decorrentes da guerra entre Atenas e Esparta, consegue celebrar uma trégua pessoal com os espartanos e pode, então, desfrutar os benefícios da paz, em contraste com os demais atenienses.

Na parábase, o poeta refuta acusações de que dirigiu palavras desfavoráveis à pólis, na presença de estrangeiros, durante a apresentação da comédia Babilônios nas Dionísias Urbanas do ano anterior.

Dramatis personae

Diceópolis camponês ateniense Anfíteo um imortal, descendente de Deméter Embaixador enviado por Atenas ao rei da Pérsia Pseudartabas representante do rei da Pérsia Teoro enviado por Atenas ao rei da Trácia Coro idosos camponeses da Acárnia Eurípides poeta trágico ateniense Lâmaco um dos estrategos (generais) atenienses Megarense negociante de Mégara Tebano negociante de Tebas Nicarco um sicofanta[1] Dércetes camponês da Ática

Coadjuvantes: Arauto da assembleia, filha de Diceópolis, Xântias (escravo de Diceópolis), servos de Diceópolis, escravo de Eurípides, filhas do megarense, sicofanta anônimo, servo de Lâmaco, padrinho de casamento, três mensageiros.

Personagens mudos: prítanes[2], cidadãos na assembleia, arqueiros, embaixadores, dois eunucos, grupo de Odomantos[3] (mercenários), escravos de Diceópolis, esposa de Diceópolis, filhas de Diceópolis, soldados de Lâmaco, servo do Tebano, músicos tebanos, dama de honra da noiva, duas dançarinas.

Resumo

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Mise en scène

A comédia se passa durante o 6º ano da Guerra do Peloponeso (v. 266), iniciada em -431. Nos primeiros anos da guerra os lacedemônios fizeram diversas incursões no interior da Ática, e muitos camponeses tiveram de se refugiar em Atenas face à devastação de suas propriedades.

O cenário mostrou, simultaneamente ou em sequência, a Pnix (local das assembleias), a frente da casa de Diceópolis, a frente da casa de Eurípides, depois novamente a casa de Diceópolis.

Personagens com falas foram representados por apenas três atores, porém é difícil dizer com certeza exatamente qual papel cada um deles desempenhou. O protanista certamente deve ter representado Diceópolis, uma vez que ele praticamente não sai de cena.

Manuscritos, edições, traduções

Os manuscritos mais importantes são o Ravennas 429 (c. 950), Ravena, Biblioteca Classense, e o Venetus Marcianus 474 (sæc. XI/XII), Veneza, Biblioteca Marciana. Alguns papiros, entre eles o P. Oxy. 66.4510, que conservou 182 versos da comédia, e o P. Berol. 13.321 + 21.201/2, que conservou 383 versos, além de várias citações da Suda, foram também importantes para o estabelecimento do texto.

Editio princeps: a Aldina, de 1498. Principais edições modernas e isoladas do texto: Elliot (1914), Coulon (1923, 21934), Sommerstein (1980), Thiercy (1988), Olson (2002). Traduções para o português: Maria de Fátima Sousa e Silva (1980) e Ana Maria Pompeu (2014).

Uma vez que boa parte da comicidade de Aristófanes depende de trocadilhos e brincadeiras com as palavras, é relevante notar que Sousa e Silva traduziu Acarneses para o português de Portugal e Pompeu, para o português regional do Ceará, o cearensês.

Reapresentações

Em nossos dias, a primeira reapresentação da comédia ocorreu c. 1850, no Etton College, Windson, Reino Unido. A encenação foi realizada pelos estudantes da instituição.