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Íbico de Régio

Ἴβυκος Ibycus Lyricus Ibyc.
Monumento a ÍbicoMonumento a Íbico

Ibico (gr. Ἴβυκος) é o quinto poeta do cânone alexandrino de nove poetas líricos; o pouco que sabemos a seu respeito provém de um dos verbetes da Suda (s.v. Ἴβυκος) e de raras menções dos escritores antigos.

Vida e obra

Nasceu em Régio, na Magna Graecia, provavelmente na primeira metade do século -VI e era de família ne; seu pai se chamava, provavelmente, Fítio. Por volta de -540, mudou-se para a corte do tirano Polícrates de Samos (-546/-522); em algum momento de sua vida, parece ter tido relações com Sicíon, pólis da Grécia continental. Conta-se que o poeta foi morto por assaltantes perto da cidade de Corinto; mas o crime foi visto por algumas garças, que vingaram Íbico atacando os assassinos e matando-os a bicadas. Isso deve ser encarado, naturalmente, como uma das anedotas que se contavam na Antiguidade acerca da morte de alguns poetas.

Suid. credita a Íbico a invenção da sambuca (gr. σαμβύκη), instrumento de cordas de origem oriental, aparentado à cítara, de formato triangular e com quatro cordas. Se um extenso fragmento papiráceo sobre a Guerra de Troia é realmente da autoria de Íbico[2], foi ele o primeiro poeta a dividir um poema lírico em estrofe, antístrofe e epodo.

Sua poesia baseava-se em temas eróticos e versava sobre o “amor de meninos”; escritos nos dialetos dórico e eólico, os poemas foram reunido em sete livros pelos eruditos alexandrinos (Suid.). Sabe-se que compôs, ademais, vários poemas de temática mitológica e heroica, com predileção por versões pouco conhecidas dos mitos tradicionais. Segundo Lesky (1995, p. 211-4) e Bowra (2001), Íbico foi influenciado por Estesícoro; para Campbell (1991, v.3. p. 7), ele compunha “à maneira de Estesícoro”. Alguns de seus poemas parecem ter sido compostos para declamação solo, sem a participação de um coro.

Passagens selecionadas

Fragmentos e edições

Restam apenas fragmentos de seus poemas; alguns foram conservados por autores antigos, como Plutarco; outros têm sido descobertos em papiros. Dentre as fontes antigas, a mais importante é a coletânea de Sehneidewin (Göttingen, 1835), seguida pela de Bergk (Lepzig, 1882).

Em nossos dias, os fragmentos de Íbico podem ser encontrados em coletâneas como as de Bowra (Oxford, 21961) e Campbell (Cambridge, v. 3, 1991), mas a edição padrão é ainda a de Page (1962; supplementum, 1974). Com exceção do F 287 e de meia dúzia de outros fragmentos traduzidos por Giuliana Ragusa (2013), Íbico continua inédito em português.