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Obras clássicas diversas

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De um modo geral, a evolução estilística das figuras humanas, observada notadamente nas esculturas dos séculos -V e -IV, refletiu-se também nas artes decorativas “menores”.

Infelizmente, o tamanho reduzido das peças com frequência impedia o máximo aproveitamento artístico dos temas, além de dificultar o acabamento.

Argila

Oferendas votivas, dedicadas a santuários e tumbas, continuaram populares durante o Período Clássico, e o uso de estatuetas para decoração doméstica expandiu-se consideravelmente.

miniaturaDançarina com manto diáfano, c. -350

Ao lado de animais, divindades e adoradores masculinos e femininos, comuns durante o Período Arcaico, novas formas e temas surgiram no final do século -V: dançarinas, atores cômicos caracterizados (da Comédia Nova), máscaras e placas com cenas em relevo, pintadas (gr. sg. πίναξ), notadamente em Melos e na Grécia Ocidental.

Note-se, ademais, uma interessante série de vasos de terracota modelados com diversos formatos, alguns um tanto exdrúxulos, como cabeças de animais e figuras humanas de feições exageradas, e com cenas pintadas segundo a técnica de figuras vermelhas em parte da superfície. Alguns desses vasos tinham pequenos orifícios e eram usados para verter líquidos nas libações rituais — daí o nome grego ῥυτόν.

joias

Desenvolveu-se o uso da filigrana, da granulação, do esmaltamento e das incrustações coloridas; nos brincos, diademas, pulseiras e outros enfeites, a perfeição das figuras moldadas tornou-se cada vez maior.

miniaturaCoroa com folhas de ouro, sæc. -III

Anéis de sinete de bronze, ouro e prata, de superfície plana e com forma de escaravelho, tornaram-se comuns durante o século -V; divindades, em especial imagens de Eros e de Nice, e mulheres com grinaldas eram entalhadas na superfície.

As gemas preciosas muitas vezes incrustavam broches, anéis, colares, brincos e pulseiras. As figuras humanas gravadas acompanhavam a evolução da escultura clássica, mas as representações de animais ainda exibiam pronunciada influência do estilo orientalizante. As pedras preferidas eram a calcedônia, a cornalina, o jaspe e o camafeu. Conhecemos o nome de um dos gravadores dessa época, Dexâmenos de Quios (fl. -450/-400).

Peças de metal

Os formatos, o metal empregado e os adornos variavam bastante. Pequenas figuras, vasos, tigelas rasas e largas (gr. sg. φιάλη), espelhos, capacetes, fivelas e estatuetas eram as peças mais comuns.

miniaturaBainha de ouro modelado, sæc. -V

As estatuetas de atletas, divindades, dançarinas de bronze e de outros metais, algumas delas com finalidade possivelmente estética, não votiva, seguiam uma temática muito mais livre que a das grandes esculturas contemporâneas de pedra. A representação de mulheres nuas, por exemplo, comum nas estátuas em tamanho natural a partir do Período Helenístico, eram já relativamente comuns entre as estatuetas do Período Clássico.

Espelhos de mão, habitualmente de bronze, com ou sem tampa, eram produzidos em larga escala. As tampas tinham, com frequência, desenhos incisos ou cenas míticas em alto relevo. O cabo era constituído, via de regra, por uma figura feminina sólida, moldada nas poses observadas nas esculturas em pedra. Figuras aladas, animais e ornamentos muitas vezes acrescentados pelos artesãos eram habitualmente moldados à parte e depois afixados à peça principal.

Convém mencionar que grande quantidade de joias e peças de metal conhecidas vêm do sul da Rússia, mais exatamente das póleis gregas instaladas nas margens do Mar Negro e das tumbas de seus vizinhos, os citas.

Moedas

As moedas, agora de ouro ou prata de boa qualidade e de forma bastante regular, atingiram um alto nível técnico; suspeita-se até de que os mesmos artistas que entalhavam as gemas e anéis eram responsáveis pelos moldes usados para as emissões.

miniatura

As póleis cunhavam, geralmente, a cabeça de uma divindade protetora ou herói em alto relevo, de um lado, e o símbolo da pólis do outro. Rodes, por exemplo, usava uma rosa (rosa, em grego, é ῥόδον); Atenas, uma coruja, símbolo da deusa Atena, a divindade protetora da pólis.

Inscrições com o nome da pólis começaram a acompanhar as imagens, constituindo às vezes até mesmo uma “propaganda”, como por exemplo o decadracma comemorativo emitido por Atenas após a vitória contra os persas.