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O neoplatonismo

Platão e discípulos na AcademiaPlatão e discípulos na Academia

Uma das mais importantes correntes filosóficas da Antiguidade tardia e última contribuição do pensamento grego à filosofia Ocidental.

O neoplatonismo foi desenvolvido por Plotino (205/270) no início do século IV, em meio à decadência do Império Romano.

Convém assinalar que o termo neoplatônico não implica somente a retomada do pensamento platônico do século -IV; Plotino fundiu conceitos de Parmênides (c. -515), Platão (-428/-347), Aristóteles (-384/-322) e dos estoicos com ideias místicas de origem oriental. O neopitagorismo, que sobrevivera desde o século -IV como um modo de vida verdadeiramente religioso, também acabou por se fundir com o neoplatonismo.

Os seguidores de Plotino tomariam, posteriormente, diversos caminhos; a doutrina neoplatônica básica estipulava, porém, o abandono do mundo material para que o espírito pudesse unir-se a uma entidade superior, incompreensível e auto-suficiente, o Uno, que permeava toda a existência. De certa forma, em seu último alento, a Filosofia Grega retornou às origens milesianas, procurando um único princípio em toda a Natureza...

A crescente difusão do cristianismo a partir do século II estabeleceu um confronto entre a fé religiosa e a razão filosófica. O cristianismo, aparentemente, venceu a disputa, já que em 529 Justiniano[1] mandou fechar todas as escolas filosóficas não cristãs; mas o neoplatonismo, através de Boécio (476/525), Santo Agostinho (354/430) e John Scotus Erigena (c. 800/880), notadamente, influenciou a doutrina cristã de forma decisiva e em nossos dias sobrevive, ironicamente, no seio de seu antigo inimigo.

Note-se que a influência do neoplatonismo não se restringiu ao cristianismo. Durante a Idade Média, influenciou ainda a filosofia judaica, a filosofia dos árabes e, mais recententemente, o filósofo alemão G.W.F. Hegel (1770/1831) e os platonistas de Cambridge (sæc. XVII). Certos movimentos místicos, como os de Meister Eckhardt (1260/1327) e de Jacob Boehme (1575/1624) devem, também, alguma coisa a Plotino.

Do ponto de vista estético, pode-se dizer que o neoplatonismo está presente igualmente na literatura: os românticos alemães e o poeta inglês William Blake (1757/1827) são os exemplos mais conhecidos.