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Demóstenes

Δημοσθένης Demosthenes Orator Dem.

O maior orador da Antiguidade e, possivelmente, também dos tempos modernos.

As obras de Demóstenes são ainda importante referência e modelo para todos os que se dedicam seriamente a discursar diante de algum tipo de público.

Biografia

O orador nasceu em Atenas por volta de -384. A família era abastada mas, depois de perder o pai aos sete anos, Demóstenes teve os bens dilapidados pelos tutores.

Estudou oratória, possivelmente com Iseu, e tentou recuperar a fortuna processando os antigos tutores. Logo se tornou um bem sucedido logógrafo, escritor profissional de discursos, e teve alguns dos mais ricos atenienses como clientes.

miniaturaBusto de Demóstenes

Começou a tratar de assuntos de interesse público a partir de -354. Seus discursos na Assembleia trataram, principalmente, da política externa ateninense e, notadamente, da intromissão de Felipe II da Macedônia nos assuntos internos das cidades gregas.

Exerceu diversos cargos públicos: trierarca, buleuta, administrador dos fundos públicos e muitos outros. Demóstenes participou da embaixada que negociou a paz de Filócrates (-346) e, entre -340 e -338, foi o mais proeminente político de Atenas.

Conseguiu unir diversas cidades gregas contra os macedônios mas, após a vitória de Felipe II em Queroneia (-338), batalha em que lutou como soldado, voltou a se dedicar aos assuntos internos da cidade.

Em -336, a despeito da forte oposição de seus inimigos políticos, nomeadamente Ésquines, recebeu uma coroa, em reconhecimento aos serviços prestados a Atenas. Anos depois, no entanto, foi acusado de corrupção (o "caso Harpalo") e teve que se exilar (-324).

Logo após a morte de Alexandre III (-323), incitou uma revolta contra Antípatro, o regente macedônio (a guerra lamiana). Condenado à morte após a vitória da Macedônia (-322), fugiu para a ilha de Caláuria (perto de Trezena, na Argólida). Cercado pelos soldados que o perseguiam, preferiu suicidar-se.

Obras sobreviventes

Chegaram até nós algumas cartas e cerca de 60 discursos atribuídos a Demóstenes. A partir de -355, alguns dos discursos "políticos" foram publicados, provavelmente pelo próprio Demóstenes.

O primeiros discurso de Demóstenes foi pronunciado contra um dos antigos tutores, na primeira tentativa de recuperar parte de seus bens (Contra Áfobo, -363). Os seguintes, quase todos de autenticidade contestada, foram escritos para serem pronunciados nos tribunais por outras pessoas.

Um dos mais notáveis, seguramente da autoria de Demóstenes, é o A Favor de Fórmion (-350). O Contra Neera, mais ou menos da mesma época e quase certamente apócrifo, contém diversas informações interessantes sobre os costumes atenienses.

As orações relacionadas com a questão macedônica dominam, no entanto, sua atividade posterior. Os discursos mais importantes foram as Filípicas (-351 a -341), as Olínticas (-349) e o Sobre a Embaixada (-343). Dos outros discursos de natureza política, dois dos mais interessantes são o A Favor dos Ródios (-351) e o Contra Mídias (-347), este escrito mas não apresentado.

A Oração da Coroa (-330), pronunciada para defender-se das acusações apresentadas por Ésquines perante a Assembleia, é o mais célebre e pessoal discurso de Demóstenes, sua obra-prima (ver epígrafe supra).

Características da obra

ἐγὼ νομίζω τὸν μὲν εὖ παθόντα δεῖν μεμνῆσθαι πάντα τὸν χρόνον, τὸν δὲ ποιήσαντ' εὐθὺς ἐπιλελῆσθαι. Na minha opinião, aquele que recebe um benefício deve recordá-lo a vida toda, e quem o praticou deve esquecê-lo de imediato. Demóstenes, Discursos 18.269

Demóstenes dominava com maestria o dialeto ático e todos os recursos retóricos necessários à eloquência. Seus discursos eram cuidadosamente planejados e desenvolvidos de forma a atingir o efeito desejado; a linguagem era sempre simples e acessível.

Ele sabia temperar a veemência e a paixão com a lógica e a argumentação apropriada; a cólera, a ironia, o sarcasmo, a reprovação eram representadas com enorme destreza. Um de seus artifícios estilísticos, por exemplo, era repetir certas palavras a intervalos regulares para dar o destaque necessário a uma determinada ideia.

Os fatos que apoiavam seus argumentos eram sempre apresentados através de um encadeamento coerente, vigoroso, apaixonado, aparentemente espontâneo, e irresistível... Consta que, no discurso a favor de Fórmion, Demóstenes apresentou seus argumentos com tanta veemência e sinceridade que os jurados, numa atitude inédita até então, se recusaram a ouvir a parte contrária e deram ganho de causa a seu cliente.

Dizia Fénelon (1651/1715) que “ele pensava, sentia e a palavra saía” (Humbert & Berguin 1961, p. 319).

Outro notável aspecto de sua imensa obra foi a enorme energia que dedicou, com sinceridade, aos melhores interesses de sua cidade.

Sinopses

Há, por enquanto, apenas uma sinopse no Portal:

A editio princeps de Demóstenes é a Aldina (Veneza, 1504).