A lírica coral

As musas Terpsícore e PolímniaAs musas Terpsícore e Polímnia

A ode coral data do século -VII e é tão antiga quanto a poesia monódica. Era originalmente apresentada em festas religiosas e, no final do Período Arcaico, ligou-se às festas cívicas e às atividades esportivas, mantendo-se assim até o Período Clássico.

Havia acompanhamento musical, mas a voz humana em coro era o ator principal da apresentação.

Cantos corais antigos

O mais antigo canto coral que sobreviveu — e apenas um trecho — é um partenion de Álcman. O partenion era um canto entoado por um coro composto de moças solteiras, acompanhado de dança e, possivelmente, também por instrumentos musicais. Partenion vem de παρθένος, ‘virgem’, ‘donzela’, ‘moça não casada’.

Havia muitos outros tipos, a maioria pouco representada nos fragmentos que chegaram a nós: hino designava genericamente um canto aos deuses; o peã era um canto em honra de Apolo; o treno, canto fúnebre; o hipórquema, canto acompanhado de dança agitada; o himeneu era cantado nos casamentos; o encômio era o canto de elogio a um homem ilustre; o prosódion, um canto para procissões. De algumas outras modalidades, como o nomo, sabemos muito pouca coisa...

O ditirambo

De origem asiática, o ditirambo foi introduzido na Grécia provavelmente como parte do culto a Dioniso. No século -VI era cantado por um coro circular numeroso, acompanhado de música de aulo, e é possível que os componentes do coro se vestissem de sátiros, os companheiros de Dioniso.

No fim do século -VI, parece, o coro se dividia em dois grupos e, enquanto um dos grupos cantava parte de um poema relativo às aventuras de Dioniso, o outro “respondia” com outra parte. Posteriormente, o ditirambo passou a celebrar também outros deuses e heróis.

A mais antiga referência ao ditirambo é um fragmento de Arquíloco — da metade do século -VII, portanto —, mas é costume atribuir ao lendário poeta Aríon de Metimna (c. -625) o seu formato tradicional. Atenas instituiu o concurso de ditirambos nos festivais dionisíacos (Dionísias Urbanas) por volta de -509.

Simônides de Ceos, Baquílides e Píndaro, entre outros, compuseram ditirambos; infelizmente, nenhuma composição completa chegou até nós.

O epinício

O epinício é o tipo de ode coral que melhor conhecemos. Era acompanhado em geral pela cítara e/ou pelo aulo e sua extensão era bem maior que as composições da lírica monódica.

Segundo a tradição, o epinício foi "inventado" por Simônides de Ceos, mas a modalidade foi cultivada especialmente por Baquílides e por Píndaro, que compuseram grande parte de seus versos em honra dos vencedores de jogos atléticos em suas diversas modalidades, como corrida, luta, arremesso de pesos, corrida de cavalos, etc.

A estrutura básica era mais ou menos a seguinte: invocação dirigida a uma divindade ou à cidade do vencedor; elogio do vencedor; relato mítico relacionado com a festa, com a família ou com a cidade do vencedor; e, finalmente, comentários e conselhos morais, frequentemente inspirados pelo mito.

Poetas corais antigos

Os mais importantes poetas líricos corais que antecederam Píndaro e Baquílides foram Álcman de Esparta, Estesícoro de Hímera e Íbico de Régio. Acredita-se atualmente que Corina de Tânagra viveu no século III a.C. mas, por tradição, ela é estudada juntamente com os poetas mais antigos.

Segundo a tradição, Terpandro, o citarista, também compôs poesia coral, porém nenhum poema ou fragmento autêntico chegou até nós. Simônides de Ceos, mais conhecido por seus epigramas, foi também um importante poeta coral, mas as únicas composições de sua autoria que chegaram até nós foram os epigramas.