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O verso lírico

Assim como a poesia épica, a poesia lírica não utilizava a rima e o metro era baseado em sequências padronizadas de sílabas longas e breves, o que emprestava sonoridade característica à declamação.

A sonoridade dos versos era de suma importância, uma vez que a poesia grega antiga era mais para ser ouvida do que lida.

Pés líricos

A estrutura métrica dos poemas líricos era muito variável. Eis a estrutura de alguns dos pés (ou grupos de sílabas) mais utilizados:

ver símbolos
  1. dáctilo: – ⏑ ⏑
  2. espondeu: – – –
  3. iambo: ⏑ –
  4. troqueu: – ⏑

Exemplos

Nas elegias e epigramas, o metro usado era o dístico elegíaco. Nessa construção a estrofe[1] tem apenas dois versos, um hexâmetro seguido de um pentâmetro. Assim, um verso com seis pés é seguido de um verso com cinco pés:

–⏑⏑ | –⏑⏑ | –⏑⏑ | –⏑⏑ | –⏑⏑ | –⏓
–⏑⏑ | –⏑⏑ | – | –⏑⏑ | –⏑⏑ | ⏓

Nos versos com iambos, ou versos iâmbicos[2], o metro mais usado era o trímetro iâmbico:

⏓ –⏑– | ⏓ –⏑– | ⏓ –⏑–

Dentre os vários tipos de metro da poesia mélica, um dos mais interessantes é o da estrofe sáfica, utilizada pela poetisa Safo de Lesbos. A estrofe se compunha de três versos de cinco pés seguidos de um verso com dois pés. Seria mais ou menos isto:

–⏑ | –⏓ | –⏑⏑ | –⏑ | –⏓
–⏑ | –⏓ | –⏑⏑ | –⏑ | –⏓
–⏑ | –⏓ | –⏑⏑ | –⏑ | –⏓
–⏑⏑ | –⏓

Os versos dos epinícios[3], o tipo mais bem conhecido de poema coral, eram construídos habitualmente com três estrofes de metros complexos e muito variáveis. O mais utilizado, especialmente por Píndaro, era o epitrito (–⏑––) combinado com um dáctilo. A representação do dáctilo-epítrito tem o seguinte aspecto:

–⏑– – | –⏑⏑–⏑⏑– –

Estrutura triádica

Algumas odes corais, notadamente as de Estesícoro (ou, talvez, de Íbico) e poetas posteriores, como Píndaro, têm estrutura nitidamente triádica, i.e., a ode pode ser dividida em três distintos grupos de versos: estrofe, antístrofe e epodo.

miniaturaUm poeta e sua lira

A estrofe (gr. στροφή) correspondia, possivelmente, a um movimento dos membros do coro em direção a uma das extremidades do palco (v.g., da direita para a esquerda), durante a declamação dessa primeira parte da ode.

A antístrofe (gr. ἀντιστροφή), segunda parte da ode, tinha estrutura métrica idêntica à da estrofe e, ao declamá-la, o coro se deslocava em sentido oposto ao da estrofe; eventualmente, uma parte do coro declamava a estrofe e outra parte a antístrofe. Os versos da antístrofe eram eventualmente uma espécie de resposta ou contraparte ao conteúdo dos versos da estrofe.

O terceiro movimento era constituído pelo epodo (gr. ἐπωιδή), em que o coro se reunia no centro do palco e declamava, em uníssono, os versos finais da ode.

O formato triádico das odes corais foi adotada pelos poetas trágicos do século -V, que assim estruturavam os cantos corais de suas tragédias.