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Esopo e suas fábulas

Αἴσωπος Aesopus Fabularum Scriptor [Aesop.]

As pequenas narrativas em prosa fábulas (gr. λόγοι, lat. fabulae) — que circulavam na Antiguidade sob o nome de Esopo são, na verdade, totalmente anônimas e muito, muito antigas.

Esopo

Segundo a tradição conservada na Antiguidade, Esopo era um ex-escravo procedente da Frígia, região que ficava na parte noroeste da Anatólia, e que viveu em meados do século -VI.

Todos os dados que temos a seu respeito são incertos e, ironicamente, fabulosos.

Não se trata, portanto de personagem histórico e o correto seria nos referirmos a ele como [Esopo], a despeito da arraigada tradição.

As fábulas de [Esopo]

Dentre as fábulas atribuídas a [Esopo], ditas “esópicas”, cerca de duzentas e setenta chegaram até nós, e não sabemos se são as mesmas que circulavam no século -V. Mais ou menos duzentas e trinta foram reunidas em forma de coletânea nos séculos IV ou V e compõem uma coleção que os eruditos modernos chamam de Augustana; outras quarenta, aproximadamente, provêm de manuscritos diversos.

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Fig. 0241. Esopo conversa com uma raposa. Fundo de cálice de figuras vermelhas do Pintor de Bologna 417. C. -475/-425, Vaticano 16552.

Em geral, a fábula de [Esopo] ou esópica começa pelo título, depois vem uma curta narrativa em prosa e, quase sempre, um epimítio. No epimítio o fabulista frequentemente apresenta aquilo que chamamos, na atualidade, de “moral da história”. A fábula propriamente dita é constituída pela narrativa, sem dúvida a parte mais antiga do texto.

É possível que os títulos e talvez até mesmo os epimítios tenham sido apostos posteriormente pelos editores antigos ou, eventualmente, pelos copistas dos manuscritos.

Os personagens são muito variados: homens e mulheres, personagens mais ou menos históricos, deuses e deusas, animais falantes — todos descritos de forma sucinta, porém muito viva.

Fábulas selecionadas

Manuscritos e edições

As principais fontes para as fábulas esópicas são a “recensão I” e a “recensão Ia”. A primeira, conhecida também por Augustana, baseia-se no manuscrito Monacensis 564 (sæc. XIV), cópia de coletânea efetuada originalmente no século IV ou V. Os originais da segunda remontam provavelmente aos séculos III/IV.

miniatura[Esopo]

A edição princeps de [Esopo] é a de Bonus Accursius, publicada em Milão em 1474; a Aldina saiu bem mais tarde, em 1505.

Fábulas de Esopo é um dos textos gregos mais publicados de todos os tempos. Dentre as edições mais recentes, a de Schneider (1812) é importante, mas as de Chambry (1927) e de Perry (1952) são as mais completas e acessíveis. Muito útil e prática é a edição bilíngue de Loayza (1995), baseada em Chambry e Perry.

Traduções

Em portugal, as mais antigas traduções do texto grego são as de Manuel Mendes da Vidigueira (1603; edição corrigida em 1672 por João Ferreira de Almeida) e de João Félix Pereira (1820).

No Brasil, a edição mais antiga é a de Celeste Dezotti (1991, revisada e republicada em 2013), seguida pelas de Aveleza (2002), de Nelson Ferreira (2013), de André Malta (2017) e de Clara Crepaldi (2018).